Tuesday 1 December 2009

Farinha de Milho

Rua da Loureira
3060-021 - Ançã
Tel. 239964025
Encerra Domingos (Jantares), Segundas

Tradicional

O espaço é a característica principal deste local. Num antigo moinho de água muito bem recuperado podemos usufruir da refeição enquanto apreciamos o ribeiro cristalino. A comida é de boa qualidade mas não se excede a outros locais, muito menos em quantidade. Bom serviço. Vale a pena voltar

Comida

Boa qualidade, pouca quantidade

Preço

€€

até 25 Euros

Ambiente

Antigo moinho recuperado

Serviço

Esmerado
Inaugurado em 2006, está instalado num moinho recuperado, com vista para uma ribeira. A concepção do espaço divide-se em duas áreas distintas - a parte rústica, feita com materiais de origem e decoração campestre, e a zona moderna, envidraçada, com perfis metálicos e pedra de ançã. A ementa baseia-se na cozinha tradicional portuguesa.
Bacalhau com Broa; Lombinhos de porco com castanhas; Chanfana; Negalhos (Bucho recheado); Cabrito Assado, Arroz de Pato à Antiga; Bife à Portuguesa; Espetada de lulas com gambas; Massada de Peixe; Cataplana.Sobremesas: Espetada de fruta com leite creme; Pêra encapotada; Folhado de maçã; Mousse de chocolate com frutos secos; Queijo da Serra com Bolo de Ança.

Localização:

Nosso menu:

  • Chanfana
  • Mousse com frutos secos
  • Casa de Santar 2006

Crítica:
Fica a poucos minutos de Coimbra, mais concretamente em Ançã, uma freguesia do concelho de Cantanhede, terra de pedras brancas e azuis adoradas pelos artistas, de escritores, de água recém-nascida e, desde há cerca de um ano e meio, de boa mesa.


Genealogia

Esta história remonta a 1834, quando o então Ministro da Justiça, Joaquim António de Aguiar, no âmbito do estabelecimento do Regime Cartista, assinou um decreto de extinção das ordens religiosas masculinas e nacionalização dos seus bens. A acção valeu-lhe o epíteto de «mata-frades» e permitiu que José Ferreira Pinto Basto, mais conhecido como fundador da Fábrica Vista Alegre e empresário com um profundo sentido social, adquirisse a Quinta do Rol.

É Alberto Ferreira Pinto, seu descendente, que nos recebe, hoje, cerca de 170 anos depois, no Farinha de Milho. O restaurante foi erguido a partir da antiga moagem, cuja actividade terminou por volta de 1985, após 800 anos de laboração, englobando, ainda, as zonas da casa do moleiro, das hortas e do curral dos burros.

A obra

O moinho, inteiramente recuperado, é a imagem de marca da casa e brilha na zona do bar, cujo chão envidraçado deixa perceber o movimento contínuo das pás e o correr das águas da ribeira. Águas que nos acompanham ao longo de toda a refeição, seja pela sua visão através das amplas vidraças da sala principal, ou pelo som reconfortante que se insinua por cada janela aberta.


Passando à ampla e solarenga sala principal, sobressai o painel desenhado na parede de fundo, que ilustra todas as fases do ciclo da farinha de milho. A assinatura corresponde a Alves André, escultor de renome nacional e internacional, residente em Portunhos, uma outra freguesia do concelho de Cantanhede.

Aqui o chão muda de cor. Da madeira de pinho que impera à entrada, evocando uma das actividades florescentes da região, para o negro do xisto, que ajuda a realçar a enorme parede lateral em Pedra de Ançã envernizada. Escolhemos uma mesa bem junto ao vidro, para não perdermos nada da vista, e ficamos a saber que o mérito deste belíssimo conjunto arquitectónico cabe a João Laranjeira, parceiro de Alberto Ferreira Pinto no arranque desta aventura. Agora, o nosso anfitrião rege, a solo, o empreendimento que, supostamente, viria preencher alguns tempos livres deixados pela sua actividade de agricultor... mas que veio a revelar-se um pouco mais exigente do que isso.
No piso superior há ainda uma sala para festas e eventos com um amplo terraço, perfeito para aperitivos e coffee breaks.

O prazer da refeição

O serviço é muito atencioso, já que a equipa, bem formada, faz questão de servir os copos e limpar as migalhas sempre que necessário, embora com a preocupação de não incomodar os comensais. Pequenos luxos que não se reflectem nos preços praticados.

As Entradas do Moleiro oferecem uma boa escolha para abrir o apetite. Provámos o Atum com Feijão Frade, a Salada de Polvo e o Bacalhau com Grão e Salsa. Sabores muito frescos, a condizer com os Patés caseiros de Atum e de Sardinha (este ligeiramente picante). Foi-nos sugerido um vinho Campo Largo Termeão Tinto Bairrada 2005 "Pássaro Branco", uma agradável surpresa, dada a sua leveza.


Em fundo soam notas de jazz, nada que usurpe a predominância à musicalidade da natureza. Mudam-se os pratos, que chegam aquecidos à mesa, adequam-se os talheres e servimo-nos do afamado Bacalhau com Broa, uma delícia de simplicidade. A couve lombarda é tenra, as lascas de bacalhau (provenientes de postas previamente grelhadas) são suculentas e o aroma a azeite e alho q.b. é ouro sobre azul.

Outros a experimentar são a Espetada de Lulas com Gambas, o Arroz de Pato, o Bife à Portuguesa e a Chanfana. Os apreciadores de Lampreia terão que encomendá-la com antecedância.
Passando às sobremesas, cinco estrelas para a Espetada de Fruta regada com Leite Creme, uma combinação deliciosa (e queimada na hora, com a ajuda de um pequeno maçarico). Mas a Pêra Encapotada é, também, muito solicitada, sobretudo desde que foi elogiada por José Quitério na sua crítica (encorajadora) ao restaurante, publicada no jornal Expresso. O Requeijão com Doce de Abóbora Caseiro e o Bolo de Ançã com Queijo da Serra contribuem muito para dificultar a escolha, mas não faltarão oportunidades de prová-los. É que, no Farinha de Milho, a meio da primeira refeição já estamos a planear a segunda, a terceira...

por Lifecooler
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