Thursday, 23 April 2009

Santíssimus

Rua São João da Mata 30
1200-850 - Lisboa

Tel. 91 432 81 61
Encerra Domingos e Segundas. Reserva aconselhável

Português, Contemporâneo

Um templo dedicado ao prazer de cozinhar e servir. Comida de bom nível mas com algumas falhas que lhe retiram a quinta estrela, o meu entrecosto não era dos melhores, o linguado um pouco salgado. Tirando estes pequenos pormenores, desculpáveis noutros locais mas não a este nível, é evidente o cuidado na preparação e apresentação dos pratos. O bacahau estava delicioso, os cogumelos e sobremesas também. O vinho da casa é um alentejano de excelente nível. O serviço é atento e pessoal que juntamente com o ambiente propocionam umas horas bem passadas à volta da mesa. Muito bom.

Comida

Inovadora, Cuidada

Preço

€€

15 a 25 €

Ambiente

Agradável, bom gosto

Serviço

Atento

O Santissimus localiza-se no bairro de Santos em Lisboa. Um espaço acolhedor, jovem, moderno, descontraído, com as paredes pintadas de azul e decoradas com quadros coloridos. A ideia de abrir um restaurante partiu de dois amigos: o Nuno que gosta de cozinhar e o Miguel que gosta de receber. Daqui nasceu o conceito de um restaurante que é a continuação da sala de jantar de nossas casas, um local para conversar entre amigos pela noite dentro, enquanto se degustam as iguarias servidas com todo o prazer. À cozinha tradicional, com elementos tipicamente Portugueses, como o queijo da serra, os filetes de peixe espada preto ou as bochechas de porco preto, juntaram-se novos sabores, como o risoto, o vinagre balsâmico e algumas especiarias, fazendo uma combinação perfeita e deliciosa, tudo cozinhado e preparado no momento. Para a sobremesa servem-se Doces Pecados.
Entradas: Cogumelos Recheados ; Tábua de Queijos Portugueses; Broa de Milho Enfeitada ;Presunto Serrano; Queijo Camambert Gratinado com Mel ; Cornucópia de Enchidos; Mexilhões com Manteiga de Alho. Sopas: Gaspacho; Creme de Legumes; Canja de Caça. Carne: Santíssimas Bochechas; Peito de Pato com Risoto Serrano Costeletas do "Santo" Borrego; Bife Três Sabores; Entrecosto Marinado; Presunto de Frango. Peixe: Filete Amendoado; Lombo de Salmão Grelhado; Bacalhau de Pão Santo; Caril Mediterrânico ; Polvo Revolto; Folhado Selvagem.

Localização:

Nosso menu:

  • Cogumelos gratinados no forno
  • Entrecosto marinado com malagueta em cama de legumes e morcela
  • Bacalhau com broa
  • Filete de linguado com arroz de coentros
  • Pudim de ovos
  • Copo de tinto

Crítica:
Acolhedor e despretensioso, o Santissimus aposta no conceito de slow food. A proposta é escapar à ditadura do relógio e da televisão e converter-se sem reservas aos prazeres da mesa.


Lembra-se do antigo Café da Lapa ali em Santos? Sim, aquele por onde passaram nomes como Joaquim Figueiredo ou Vítor Sobral? Se ainda não reparou que voltou a abrir com nova gerência anda distraído, mas cá estamos nós para lhe dar conta das novidades. Agora chama-se Santissimus e se não tem chefs famosos na cozinha nem por isso deixa de merecer a visita.

É certo que Nuno Pereira, 38, e Miguel Lopes, 36, se assumem desde logo como amadores nas lides gastronómicas. O restaurante não é propriamente um hobby apesar de manterem os empregos de dia, “é mais como uma segunda vida”, explica Miguel.


Ao bater do lusco-fusco desaparecem o vendedor de carros e o consultor político para surgirem o cozinheiro e o chefe de sala do Santíssimus. O facto do espaço ser pequeno (30 lugares) e de abrir apenas para jantares também facilita. O resto é pura organização, garantem.

Foi Nuno Pereira quem convenceu o amigo de infância a embarcar na aventura de abrir um restaurante, apostado que estava em dedicar-se ao talento culinário que os amigos lhe gabavam. A ideia? Um local amistoso, com uma cozinha cuidada, a ementa a fugir ao banal, e tudo feito na hora.

Assim, o primeiro mandamento passa logo por abolir o relógio, que o Santíssimus é um espaço convertido ao conceito de slow food. Não há cá comer para depois ir ao cinema, o jantar é todo um programa, por isso vá em boa companhia e leve o tempo que for preciso a abrir a ementa. Há pão quente, cogumelos recheados (“o segredo é o pesto”), queijos portugueses ou um camembert gratinado com mel para entreter o paladar enquanto pondera a escolha.


Um templo de sabores

A carta aposta numa cozinha portuguesa actualizada com criatividade e a piscar o olho aos sabores do mundo. Umas Bochechas de porco preto recheadas com farinheira e legumes salteados; um Peito de pato com risotto, em redução de vinho do Porto com queijo da serra e lascas de presunto; um Bacalhau com broa regado com coco ou um polvo em molho revolto de tomates secos e poejos ilustram bem este conceito. Os vegetarianos podem optar pelo Folhado de legumes e arroz selvagem em massa pão.

Se prefere abrir com uma sopa, porque não uma Canja de caça? A ideia é mesmo ser diferente. O Bife três sabores (com cogumelos e mel ou hortelã-pimenta ou café intenso) na carta já foi uma cedência, mas em compensação os tradicionais leite-creme, babas de camelo e mousses foram totalmente exorcizados das sobremesas. Os “doces pecados” desta ementa alternam entre os crumbles de fruta e os crepes flambé com gelado.


Aproveite que não tem relógio e solte a conversa noite dentro. Aprecie os quadros – há sempre uma exposição patente – e converta-se aos prazeres da mesa sem hora marcada. A reserva só é recomendada à chegada, à saída é o último que fecha a porta. Deguste um vinho, para cada prato há um néctar recomendado. As referências (15) são maioritariamente alentejanas mas há exemplares das outras regiões, todos com preços acessíveis.

Os fiéis do Santissimus andam maioritariamente pela casa dos 30, um rebanho satisfeito por ceder ao pecado da gula com a consolação de não delapidar recursos em excesso. Os pratos rondam os 12 euros. Contas feitas, um jantar completo não ultrapassa os 25, e nem foi preciso ir ao cinema.

por lifeCooler
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Sunday, 12 April 2009

Cabicanca

Avenida da Liberdade
3570 - Aguiar da Beira

Tel. 232 68 89 72
Não encerra

Regional

Casa simples sem grande pretensões a não ser servir bem quem os procura. Em pleno domingo de Páscoa fomos servidos de maneira muito eficiente apesar da sala a abarrotar. A sala é o ponto mais fraco, clássico restaurante de beira de estrada mas pouco barulhento. Para o fim o melhor, a comida estava excelente, um dos melhores cabritos que já comi. Barato e bom que se pode pedir mais?

Comida

Qualidade clássica

Preço

Até 15 Euros

Ambiente

Simples de dia a dia

Serviço

Rápido e Eficiente

Restaurante fundado por Belmira Pires. Procura dar a conhecer a arte de bem cozinhar, com produtos de primeira qualidade. Apresenta duas ementas; uma normal, disponível todos os dias e outra regional.
Peixe: Bacalhau à Lagareiro. Carne: Enchidos caseiros; Cabrito no forno com batatinhas assadas; Arroz de feijão com nacos de vitela; Lombo em vinha de alhos. Doces: Arroz Doce; Papas de ralão; Filhoses e Doce de abóbora.

Localização:

Nosso menu:

  • Rissois e Torresmos
  • Cabrito assado no forno
  • Leite-creme
  • Tinto da casa

Outros links:

Saturday, 11 April 2009

Área Benta

Rua dos Cavaleiros 30
6420-040 - Trancoso

Tel. 271 81 71 80
Não encerra

Regional, Portuguesa

Vale a pena passar por aqui. Comida de bom nível de um modo geral, o bacalhau , para mim, uma novidade muito interessante. Bom vinho. Bom serviço. Um ambiente requintado, raro por estas partes, onde apetece estar um pouco mais. Bom.

Comida

Bom prato de bacalhau.

Preço

€€

15 a 25 Euros

Ambiente

Refinado e cuidado no centro histórico, muito bom

Serviço

Atento e eficiente

Espaço caracterizado por um ambiente cuidado, convidativo e agradável, situado no centro histórico de Trancoso. A cozinha praticada homenageia a gastronomia regional da Beira Alta. Possui duas salas de refeições independentes, ligadas por duas aberturas, que dão visibilidade de uma para a outra no primeiro piso; no rés-do-chão situa-se o bar e uma pequena galeria (zonas mais intimistas e convidativas). O imóvel onde hoje funciona o restaurante área benta é o resultado da união de dois edifícios que já se encontravam ligados através de uma passagem no piso superior. Os vários espaços existentes apresentavam uma certa variedade de alturas e de áreas, pelo que o conceito deste projecto se baseou na integração total dos dois edifícios de modo a criar uma continuidade entre os novos espaços, mantendo, no entanto, a mesma variedade espacial. O restaurante Área Benta é um espaço muito bem recuperado, a funcionar desde Julho de 2001.
Entradas: Morcela à moda da Guarda; Míscaros à Área Benta; Lascas de presunto da Beira; Torresmo da terra. Peixe: Bacalhau à Avó Lurdinhas; Polvo grelhado; Bacalhau à João do Grão. Carne: Cabrito assado com castanhas; Ensopado de cabrito; Açorda de míscaros com entrecosto; Marrã à moda antiga; Rojões com sarrabulho; Entrecosto grelhado com enchidos; Lombinhos com grelos à pobre. Doces: Creme queimado; Arroz doce; Requeijão com doce de abóbora; Tarte de requeijão; Sardinha doce de Trancoso.

Localização:

Nosso menu:

  • Presunto
  • Bacalhau à Ti Lurdinhas
  • Javali guisado
  • Sardinhas doces
  • Tinto da casa

Crítica:
Encontramos, na aldeia histórica de Trancoso, um restaurante onde impera o requinte e o bom gosto.
Álvaro Curia

Poderíamos estar no centro de Paris ou na cosmopolita cidade de São Paulo. Mas não, o nosso cenário é Trancoso, coração da Beira Interior portuguesa e aldeia histórica, com poucos habitantes e grandes pontos de interesse medieval.


Numa dessas ruelas medievais, onde das janelas os vizinhos quase que dão a mão de um lado ao outro da rua, encontramos o Restaurante Área Benta. A porta indica que não se trata de um restaurante regional: vemos logo à entrada um bar com uma parede de vidro colocada à frente de uma outra parede de granito. O efeito faz-nos perceber algumas formas distorcidas e cria um ambiente muito particular, numa arquitectura de extremo bom gosto.

O restaurante divide-se, assim, por duas zonas: a do bar, onde é possível acompanhar uma bebida, esperar pela refeição ou simplesmente trocar dois dedos de conversa enquanto se escuta o mais agradável da música portuguesa. Nessa tarde brincou-nos Teresa Salgueiro com algumas melodias dos Madredeus.


Subimos a escada e lá estava o restaurante propriamente dito, com as mesas dispostas de forma a que ninguém invadisse o espaço de ninguém e a mesma parede de vidro a esconder o granito e a criar um espaço amplo, moderno e sofisticado.

A especialidade é o bacalhau, cozinhado de uma forma particular em que parece realmente que tem um paladar especial, talvez numa daquelas receitas intransmissíveis e apenas possíveis de serem experimentadas naquele espaço. Também os bifes, em particular o Bife de Pimenta, fazem crescer água na boca só de olhar e de cheirar. Tudo tem uma apresentação cuidada, mostrando que podemos estar no mais recôndito do interior português e comer bem, num ambiente agradável.

por lifeCooler
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Friday, 10 April 2009

A Cerca

Av. Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 7
6440-102 - Figueira de Castelo Rodrigo

Tel. 271 31 26 30

Tradicional

Este local é uma razoável opção para uma refeição. Nada pretencioso, com boa oferta de pratos de qualidade mediana, vinho fraquito. O serviço é o melhor da casa. Opção aceitável, principalmente se o orçamento for limitado.

Comida

Muita oferta, qualidade mediana

Preço

até 15 Euros

Ambiente

Simples, sem luxos

Serviço

Simpatia acima da média

Local rústico e simples a apresentar pratos regionais bem confeccionados e serviço de qualidade.

Localização:

Nosso menu:

  • Bacalhau à lagareiro
  • Leite-creme
  • Tinto da casa

Crítica:
Casa simples, decoração rústica e bons pratos da cozinha regional. Na ementa as opções são muitas. Nas entradas propõe-se um melão com presunto e uns calamares com saladas frias. Há bacalhau confeccionado de várias maneiras - «à marinheiro», «à Cerca», entre outras especialidades. Nas carnes, merecem menção especial o naco de vitela e o cabrito no forno. Os preços são normais atendendo à qualidade.

por Aqui Perto
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Thursday, 9 April 2009

Quinta de Pêro Martins

Rua do Castelo 1 - Quinta de Pero Martins
6440-231 - QUINTÃ DE PÊRO MARTINS

Tel. 271313133
Fax.
Em. geral@quintaperomartins.com
Animais de estimação aceites

Turismo rural

Classificação

-

Preço

€€

60 a 75 Euros

Nº Quartos

5

CaracteristicasAr condicionado, Aquecimento, TvCabo, Mini-Bar, Wi-fi, Envolvente paisagística, Estacionamento
ExtrasPasseios de burro, todo-terreno, btt, pedestres(preço a confirmar)

Ambiente familiar no meio rural. Antiga casa agrícola, com balcão típico Beirão em pedra, adaptada para Turismo Rural, com vista sobre o planalto granítico do vale encaixado do rio Côa de onde se destaca na fauna, as aves de rapina características das zonas escarpadas e na flora bosques de quercineas perenifólias. Tem um jardim com um campo dos jogos, terreno com árvores de fruta e garagens cobertas para os carros. Próximo pode visitar o douro vinhateiro, as aldeias históricas e as gravuras rupestres, bem como interessantes sítios arqueológicos, arquitectónicos e paisagísticos. Pode ainda provar a gastronomia, bem como descobrir as nossas tradições locais.

Localização:

Quinta beirã muito bem recuperada numa sonolenta aldeia do interior. Simpatia e hospitalidade são a norma. Bons pequenos almoços. A mascote da casa, o Gaspar, desdobra-se em garantir a segurança das viaturas, acompanhar os hóspedes em passeios pela aldeia e lutas t

+

Hospitalidade, Pequeno-almoço, o Gaspar

-

Recepção TV
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O Lagar

Rua do Barreiro
6440-072 - Escalhão

Tel. 271346974
Encerra 3ª feira

Português, Regional

Este restaurante tem tudo para ser local de eleição, basta investir em serviço de mesa. A comida é boa e o espaço é daqueles onde apetece estar à lareira no inverno e na frescura sombria no verão. Quanto ao serviço, nitidamente de ocasião, e apesar da simpatia, não faz juz à potencialidade da casa.

Comida

Bom nível

Preço

até 15 Euros

Ambiente

Acolhedor tradicional

Serviço

Deficiente
Situado em Escalhão, uma pequena localidade, a 5 km de Figueira de Castelo Rodrigo, deve o nome ao facto de estar instalado num antigo lagar de azeite, bem adaptado às actuais funções.
Dispõe de duas acolhedoras salas de refeição, precedidas de um agradável jardim.
O festim começa com maravilhosas entradas, à base de queijos e enchidos, acompanhadas por pão cozido em forno de lenha. E depois prossegue, com alguns dos pratos mais emblemáticos da região. Tudo isto numa casa à moda antiga, onde se come bem e barato, em doses generosas.
O espaço que hoje alberga este restaurante, um antigo lagar em que foi preservada a traça original, serviu durante séculos para a produção de azeite na região.
Entradas: Chouriça na brasa; Alheira na brasa; Morcela de mel e canela. Peixe: Bacalhau à lagareiro; Polvo assado. Carne: Arroz de Cabidela; à antiga; Desmancha de porco à Beira Alta; Costeleta de vitela grelhada; Posta de vitela grelhada.Sobremesas:Gelado de azeite; Doce da Casa

Localização:

Nosso menu:

  • Cogumelos na Púcara
  • Açorda de míscaros
  • Doce de batata
  • Tinto da casa

Crítica:
Foi em Escalhão que encontrámos o Lagar. Não o encontrei em guias ou roteiros gastronómicos. Será que nunca qualquer autor de tais publicações por lá terá passado? Tomei porém conhecimento que o mesmo foi alvo de uma detalhada atenção na revista de vinhos de Fevereiro de 2003 e, segundo consta, com um nível de detalhe bastante elaborado.

Antes de mais, onde fica Escalhão? Pequena povoação à entrada do parque nacional do Douro Internacional, facilmente passa despercebida no mapa de Portugal. Deverá seguir de Figueira de Castelo Rodrigo para Barca D’Alva. Não conheço outras opções. Na sua estrada principal verá uma indicação para o Lagar.

O restaurante, onde antigamente figuraria um lagar de azeite, encontra-se dividido em duas alas. As suas paredes são forradas a pedra e encontramos reminiscências dos utensílios utilizados na produção de azeite. A ementa é variada, sugerindo-se para entrada a tábua de queijos ou de enchidos. Para pratos principais não nos sai da cabeça o polvo à lagar, a nossa opção. Trata-se de um polvo assado no forno, profundamente regado em azeite e ervas aromáticas, acompanhado com batatas a murro. Uma escolha excelente. Mas temos igualmente como opção pratos de bacalhau ou de vitela.

A lista de vinhos é competente e não fosse a hora tardia da nossa refeição e o facto de nos termos de “fazer” à estrada, a escolha recairia pelo Valle Pradinhos. Este vinho, da região de Trás-os-Montes, é um tinto encorpado que pessoalmente penso teria ficado muito bem com este prato.

Para sobremesa o excelente doce da casa, mistura de doce de ovos com amêndoa, de chorar por mais. Aliás, tal sobremesa, fez-nos lembrar provérbio utilizado na região:

“É, por isso, que os Humanos estão mais perto de Deus.
E já que vivos estamos, comamos, comamos e bebamos.
Que assim seja.”

Aproveite para visitar na região as fantásticas aldeias históricas de Castelo Rodrigo ou Almeida, o rio Douro, ou porque não, as figuras rupestres de Foz Côa. Tudo excelentes opções para um merecido descanso.

por boavidavidaboa.blogspot.com
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Friday, 3 April 2009

Dupla Sedução

História romântica com pretensões a complicada trama de espionagem, no fim é levezinha, levezinha ...

Título original: Duplicity
De: Tony Gilroy
Com: Julia Roberts, Clive Owen, Tom Wilkinson, Paul Giamatti
Género: Thriller
Classificação: M/12

EUA, 2009, Cores, 125 min. (IMDB)

Claire (Julia Roberts) é uma ex-agente da CIA. Ray (Clive Owen) é um ex-agente da MI6. Ambos trocaram o universo da espionagem governamental pelo mundo bem mais lucrativo dos negócios onde reina uma terrível guerra-fria entre duas multinacionais rivais. A missão: obter a fórmula de um produto que trará fortuna à empresa que o patentear. Para os chefes de Claire e Ray não há qualquer tipo de limites. Mas, enquanto tentam passar a perna um ao outro e enganar-se mutuamente para ganhar vantagem, Claire e Ray vêem toda a missão em perigo quando percebem que a única armadilha da qual podem não se conseguir safar é a do amor.in Publico

Crítica:
Labirinto em linha recta

Julia Roberts e Clive Owen numa complicada história cheia de mentiras e traições que comunica perigosamente com a história amorosa deles.

Depois de "Michael Clayton", que foi o primeiro filme realizado por Tony Gilroy, até então conhecido pelo seu trabalho de argumentista (para a saga de Jason Bourne, nomeadamente), "Dupla Sedução" volta a ambientar-se nos meandros do mundo empresarial americano, esse "corporate world" de tão má reputação nestes nossos dias de "crise global". A irrisão que "Dupla Sedução" opera sobre esse mundo cai certamente que nem ginjas, embora nesta perspectiva pareça conveniente notar que, se alguma "moral da história" existe no filme de Gilroy, ela pode traduzir-se num aforismo um pouco inquietante: "ri melhor o CEO que ri por último". À atenção do Presidente Obama, naturalmente.

Efeitos de realidade (ou de contemporaneidade) à parte, o centro de "Dupla Sedução", como o título indica (o português ou o original, "Duplicity"), está no "jogo duplo" praticado pelas personagens de Clive Owen e Julia Roberts. Ex-agentes da CIA que decidiram, com certeza muito bem, que a trabalhar para o Estado não iam lá e para enriquecerem mais valia porem-se ao serviço do sector privado e da espionagem empresarial. Ou, o que será mais correcto, empregarem-se no sector privado, mas ao serviço de si próprios. Ei-los então numa complicadíssima história cheia de segredos, mentiras e traições, que comunica perigosamente com a história pessoal e amorosa deles. A "duplicidade" do filme de Gilroy também está nisto - há uma intriga, digamos de espionagem, e outra, digamos romântica, que correm em paralelo num processo que tem (ou, idealmente, teria) o condão de estar sempre a obrigar o espectador a refazer a perspectiva que tem sobre as personagens e sobre a narrativa.

Idealmente, dissemos. O processo escolhido por Gilroy (a inserção de "flash-backs") nunca supera a sua condição, "automática", de suporte de um trabalho de "engenharia de argumento". Pensamos noutro filme americano recente, o "Antes que o Diabo Saiba que Morreste" de Sidney Lumet, que também usava o "flash-back" como figura maior mas onde cada "flash-back" vinha sacudir o filme, apontá-lo sempre para uma nova direcção. Em "Dupla Sedução" o processo reflecte apenas um bricabraque laborioso mas, no fundo, indiferente, mais para "confirmar" o filme do que para o abalar, mais para prolongar (até um pouco artificialmente) a "dúvida" que marca a relação dos espectadores com as personagens do que para a fazer viver em verdadeira perturbação. É o que mais se censura a Gilroy: num filme sobre o "engano absoluto", onde nada é o que parece, falta o engenho para transformar esse "engano" em algo mais do que um truque, previsível na sua... imprevisibilidade. Acolhe-se cada "twist" como fazendo parte da norma, um "puzzle" que se constrói em vez de se desmontar, ou um labirinto que afinal de contas é apenas um corredor (e o último plano, um "travelling" recto para trás, é um "movimento de corredor", se nos deixarem ver aqui uma espécie de "lapsus" revelador).

Claro que a quantidade de máscaras apostas às personagens tem consequências sobre elas. A opacidade "programática", construída à força, do par central (Owen e Roberts) resulta em personagens pouco interessantes, mecânicas, sem chama. Como em "Michael Clayton", as melhores personagens estão na margem, entre os secundários: o CEO que Paul Giamatti equilibra na fronteira com a caricatura mas a que atribui uma humanidade de pequeno crápula perfeitamente credível (e, mais entusiasmante, falível). Dito isto, "Dupla Sedução" deixa-se ver sem entusiasmo mas também sem exasperação. Na sua irrisão dos códigos do filme de espionagem às vezes faz lembrar algumas coisas de Soderbergh - mas menos "playful" e, seguramente, com muito menos estilo.

Luis Miguel Oliveira