Monday, 16 April 2012

Sin City - Assuntos de familia

De Frank Miller
Devir 2011

O argumento não é nada por aí além .... mas o traço continua magnífico



Crítica:
Cinco anos depois de, aproveitando a estreia do filme de Robert Rodriguez e Frank Miller, ter editado "A Grande Matança" e "Aquele Sacana Amarelo", a Devir volta a lançar em português mais um volume da série "Sin City", prosseguindo com a divulgação em Portugal da seminal criação de Frank Miller. Série revolucionária, pela forma como recupera um género considerado acabado (o policial negro) e o reinventa em violentas histórias de crime e castigo, desenhadas num espectacular preto e branco, altamente contrastado, Sin City tem conciliado o estatuto de obra de culto com um grande sucesso comercial, como de resto aconteceu em Portugal. Estreada no nº 51 da revista Dark Horse Presents, a série Sin City assinalava um estrondoso e inesperado regresso de Frank Miller à prancheta de desenhador, que pôs fim a um hiato de dois anos (desde Elektra Lives Again), em que o criador de Elektra se dedicou a uma decepcionante experiência em Hollywood, onde colaborou nos argumentos dos filmes Robocop II e III. Assegurando todo o processo criativo, desde o argumento e desenhos até à legendagem (ao contrário do que acontecia em Hollywood, onde era apenas mais uma peça da engrenagem), Miller criou com Sin City uma série policial extremamente violenta e inovadora no uso contrastante do preto e branco e na diluição do conceito de herói tradicional, que aqui cede o protagonismo à própria cidade, contribuindo para um novo fôlego dos comics policiais, há muito esquecidos num mercado atulhado de super-heróis.
Estilização talvez seja o adjectivo que melhor defina o seu trabalho em Sin City, pois, sem nunca pretender fazer uma história realista, Miller procurou através de uma enorme economia de meios que tudo parecesse o mais atraente possível. Nas suas palavras: “queria que os carros fossem vintage, as mulheres fossem belas e as gabardines compridas. Se olharmos para um comic desenhado por Johnny Craig ou Wallace Wood [dois desenhadores da E. C. Comics] vemos que eles conseguiam dar "glamour" a todo e qualquer assunto. Eu quero que Sin City seja agradável de desenhar e consequentemente, agradável de ver, até porque eu sabia que estava a lidar com um material extremamente duro”. Valores Familiares”, o novo volume, que a Devir agora é edita, é o quinto da série “e tem a particularidade de ser um longo “one shot” de 126 páginas que se lêem de um só fôlego, e mostram um Miller ao seu melhor nível. Uma história de vingança planejada (e contada) com a precisão de um mecanismo de relojoaria, que lida com o conceito de família de uma forma pouco tradicional. Neste caso, as famílias que dão nome a esta história de valores familiares, em que um velho mafioso não hesita em entrar em guerra com o Boss Wallenquist (personagem que domina o submundo de Sin City,) para vingar a filha morta, são a Máfia e um casal de prostitutas lésbicas. E para além de uma história muitíssimo bem contada, com um judicioso recurso a flash-backs, e planificada de forma quase perfeita, há ainda o puro prazer de ver Miho - uma japonesa que Miller classifica como «o sonho de qualquer artista, pois é extremamente divertida de desenhar e enche as páginas de energia» - em acção e apreciar o belo cadillac cor de cereja que Dwight ganhará como recompensa do seu trabalho. Graficamente, aqueles que pensavam que já nada havia para inventar em Sin City vão ficar surpreendidos com os efeitos da neve das páginas 37 a 41, ou com a imagem expresssionista das páginas 123 e 124, em que Dwight descreve a vingança das prostitutas apelando à imaginação do leitor e conseguindo, assim, um efeito de horror muito mais eficaz do que através de uma mera representação gráfica. Um regresso que se saúda, numa boa edição, bem traduzida, mas que podia ter sido melhor revista. Que venham rapidamente os volumes que faltam! (“Sin City: Valores Familiares”, de Frank Miller, Devir, 128 pags, 11,99 €) Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 2/10/2010

Por um punhado de imagens

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Saturday, 14 April 2012

O Medo do Homem Sábio (Parte II)

De Patrick Rothfuss
1001 Mundos 2011

Continuo a gostar ... envolvente e muito bem escrito. Começo a ficar impaciente, gostaria que o ritmo aumenta-se um pouco no futuro

Enviado pelo Maer para lidar com os bandidos que atacam na estrada do Rei, Kvothe encontra-se agora na companhia de um grupo de mercenários e a desempenhar uma missão que poderá representar muitas dificuldades e muito tempo de busca. O ambiente é tenso e, para lá da missão de que foi incumbido, Kvothe tem também de lidar com os seus invulgares companheiros. Mas a missão é apenas o início de uma longa viagem pelo desconhecido e cada novo passo pode ser, ao mesmo tempo, uma ameaça e uma oportunidade de encontrar respostas para a sua busca de respostas. Um caminho longo, feito tanto de sucessos como de derrotas, de aventuras que ninguém mais terá vivido, mas também, e principalmente, de aprendizagem - pela vida fácil e pela difícil.

Extractos:
Chamo-me Kvothe. Resgatei princesas dos túmulos de reis adormecidos, incendiei Trebon. Passei a noite com Felurian e parti com a sanidade e com a vida. Fui expulso da Universidade na idade em que a maioria dos alunos é admitida. Percorri caminhos ao luar que outros receiam nomear durante o dia. Conversei com deuses, amei mulheres e compus canções que fazem chorar os trovadores. É possível que me conheçam.
Critica:
Com a expectativa renovada dei início à leitura do segundo livro de “O Medo do Homem Sábio”. Tínhamos deixado Kvothe na floresta com quatro mercenários à procura de bandidos que atacavam os viajantes. Este grupo de mercenários era constituído por três homens e uma mulher, sendo um deles Adem, um povo muito temido pela sua capacidade de combate, e estranho por falar muito pouco e vestir de vermelho. Kvothe tem alguma dificuldade em mostrar a sua liderança, devido à sua juventude mas aos poucos vai conseguindo, acabando por conseguir o respeito quando descobrem o acampamento dos bandidos e se dá o combate. Este mata a maioria utilizando magia o que deixa os companheiros perplexos. Só o chefe dos bandidos consegue fugir inexplicavelmente, mas mais tarde kvothe vem a saber que era uns dos Chandrians. Mais um encontro quem deixa mais perguntas em aberto :D Concluída a missão dada pelo Maer voltam para prestar contas quando encontram Ferlurien a mulher que nenhum homem resiste nem sobrevive, o grupo foge exceto Kvothe. Kvothe atraído segue Felurian, consegue sobreviver e ainda aprende com ela a arte do amor e por isso é-lhe oferecido uma capa especial. De volta ao mundo real e ao encontro dos colegas, que ficam surpreendidos por vê-lo e recebem-no com alegria pois esperavam nunca mais o ver. Mas surge um novo problema que o desvia do caminho. Durante o tempo que estiveram juntos, Kvothe criou uma amizade especial com Tempi, o mercenário Adem, que lhe ensinou a arte de combate, algo que é proibido. Outros mercenários Adem acabam por descobrir e Kvothe vai para a terra deles tentar salvar o amigo. A chefe deles acaba por desculpar a situação e continuar com a formação deste até passar o exame final e receber a espada. Resolvida a situação, volta a partir para Vintas, indo ao encontro do patrono Maer que fica muito agradecido pelo trabalho, mas descobre que é um Edema Rush, motivo pelo qual ovai dispensar os seus serviços mas dá-lhe uma carta para viajar à vontade nas suas terras e a possibilidade de levantar dinheiro para finalizar os seus estudos. De volta à universidade, todos ficam surpreendidos pois pensavam que tinha morrido no naufrágio. Aí vai de encontro a novos problemas pois quem manda é o professor que mais o odeia. Na estalagem, no fim do 2º dia da crónica, kvothe é atacado e roubado por dois soldados, levando muita pancada. Bast, o seu aprendiz, fica surpreso por ele não se ter defendido. Continua a sua busca pelos Chandrian e os Amir, pois pensa que estes serão a resposta para o assassinato dos seus pais e da sua trupe, mas sem grandes resultados pois todos têm medo de falar. A história contínua a desenvolver-se muito lentamente. A leitura continua a ser interessante e muito cativante. Kvothe continua a ser uma personagem enigmática, mas da qual compreendemos todas as suas as ações mesmo as que não são as mais corretas, pois demonstra ter um coração muito grande sempre pronto a ajudar, em que os bons valores se sobrepõe. O autor continua a deixar o leitor intrigado curioso, sedentos por mais respostas e mais detalhes. Tal como disse na crítica da primeira parte, o autor tem uma escrita acessível e não deixa nenhum detalhe ao acaso. Cada capitulo que lia, ficava mais envolvida na história. Apercebemo-nos que está a criar um enredo que nos vai deixar na expectativa até ao último volume, senão até ao último capítulo. E isto só se consegue quando de facto se nasceu para escrever, para ser um grande contador de histórias. Continuo cativada por Kvothe talvez porque me reveja em alguns dos seus sentimentos. Claro que preferia ter já algumas respostas, mas isso também significava que a saga acabaria mais depressa. Vou aguardar com grande expectativa o 3º dia da crónica. Apesar de ter lido comentários que não gostaram que se dividisse o volume em duas partes, devo acrescentar que preferi assim. Porque de outra forma tornava-se muito extenso. E mal acabei este já tinha sido editado a segunda parte, a espera foi curta. Gostei das capas serem iguais entre a Parte I e a Parte II, somente com pequenas diferenças. Assim consegue-se ficar com a ideia de que se trata do mesmo volume. Fascinante seria a palavra que escolheria para esta saga!

Esmiuça o livro

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Saturday, 7 April 2012

Museu do Pão

Uma bela oferta num local magnifico.

Menu: Buffet de entradas serranas, sopa, dois pratos, menu sobremesas.
Web

Saturday, 24 March 2012

Pousada do Infante

Local espantoso, bons quartos, bom restaurante e serviço. Já merecia uma renovação, um pouco ultrapassado.
A Pousada de Sagres insere-se num cenário com sabor a mar e com grande importância histórica. Foi desenhada pelo Arquitecto José Segurado e inaugurada em 1960, nas comemorações do V centenário da morte do Infante D. Henrique. Daqui, avistam-se a Fortaleza de Sagres, de onde partiram caravelas nos Descobrimentos Portugueses, o Cabo de S. Vicente, a parte mais sudoeste da Europa, denominada Sacrum Promontorium, e o porto de pescas. No geral, o Algarve significa praias de areia macia e mar azul-turquesa, pinhais verdes, flores entre as dunas, calor e clima de paixões, sejam elas no intenso Verão, ou no tranquilo Inverno. Mas o Algarve é muito mais do que isso. É nesse Algarve diferente que se encontra a pequena vila de pescadores, conhecida como Vila do Bispo e onde se insere Sagres, em pleno sudoeste algarvio. Entrar na região de Sagres é absorver uma atmosfera mística, envolta por uma paisagem bravia, onde o mar e a serra se juntam formando um património natural invulgar.

Web

Taberna do Gabão

Comida absolutamente maravilhosa a um preço imbatível. A não perder.

Lifecooler

Saturday, 17 March 2012

10º Festival Internacional Chocolate

Fiquei desiludido, soube-me a pouco
Já lá vão dez anos desde que Óbidos passou a acumular atributos achocolatados e volta agora a ter gulosas razões para se tornar local de romaria: o 10.º Festival Internacional de Chocolate de Óbidos invade a vila medieval ao longo dos fins-de-semana de Março. De sexta a domingo, há Gastronomia Criativa, Cake Design assim como Passagens de Modelos, com a participação dos criativos StoryTailors e de alunos do CIVEC - Centro de Formação Profissional da Industria do Vestuário e Confecção. Em todos os momentos, promete-se inovação e design como fios condutores de uma trama que tem como personagem principal o chocolate e como argumentistas chefs chocolateiros, pasteleiros e, estima-se, milhares de gulosos.
Site Oficial

Monday, 12 March 2012

Quinta da Alorna Reserva 2009

Relação qualidade\preço imbatível. Vinho de elevada categoria a optimo preço

Tipo: Vinho tinto
Origem: Quinta da Alorna, Tejo, Portugal
Características: 2009, 14º, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon

Intenso a violetas e groselha madura da Touriga, com especiarias próprias do Cabernet e complexidade dada pelo estágio em madeira


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Produtor

Saturday, 10 March 2012

Castelo de Belver

Monumento Nacional - Construção militar (1210-1212)

Wikipedia . Amigos dos Castelos

Arroz de Lampreia

Manjar delicado e preferido do bom gourmet, é pitéu de temperado: não é peixe nem é carne, ou se adora ou se odeia. Os gregos chamavam à lampreia “petromyzon”, que vem a significar “chupa pedras”. Já os romanos chamavam-lhe “lampetro”, e tinham bem abastecidos os seus viveiros (era famoso o de Cayo Hirtius cujas lampreias se consumiam nos banquetes para celebrar as vitórias de César).
Nasce nos rios e permanece nestes até se tornar adulta, ciclo que leva entre entre 4 a 5 anos, alcançando 20 cm de comprimento. Emigra, então, para o mar, onde permanece até atingir a sua maturidade sexual; e é então quando se torna totalmente adulta e chega a medir entre 80cm e 1 metro e a pesar entre 1,200kg e 1,500 kg.
Volta ao rio onde nasceu e é também aqui que deixa de se alimentar. Para se reproduzir, constrói um ninho com pedras que, com a boca, arrasta até sitio seguro a fim de fazer a sua reprodução. O macho fixa-se à fêmea com a boca e enrola-se a esta para fazer o acoplamento sexual. É então que a fêmea põe entre 50.000 a 200.000 ovos. Após a desova, ambos morrem.

A lampreia à bordalesa deriva da região de Bordéus. Em Portugal a lampreia à bordalesa é uma das formas de preparação mais comum, no entanto, nada tem a ver com a receita original de Bordéus (e que é cozinhada de uma forma completamente diferente da utilizada não só em Portugal como em Espanha). A nossa bordalesa não passa de um estufado onde a quantidade de cebola substitui a de alho francês, assim como o vinho é verde e não de Bordéus, não deixando por isso de ser menos nobre e delicioso como a bordalesa de Bordéus.


1 Lampreia
3 Cebolas grandes
1 dl de azeite extra virgem
2 Dentes de alho
2 Alho francês
1 Ramo de salsa
1 Folha de louro
1 Raspa de noz-moscada
1 Cravo-da-índia
6 Voltas com o moinho de pimenta preta
1 Lt de bom caldo de carne
20 cl. de vinho do porto Vintage, de preferência da última colheita que esteja no mercado
50 cl. de vinho verde tinto da variedade Vinhão
400 gr de arroz carolino


Preparação da lampreia: Colocar a lampreia viva numa bacia e escaldar rapidamente com água a ferver. Retirá-la e raspar com uma faca e depois com um pano de estopa ou com um esfregão grosso por forma a retirar-lhe toda a substância viscosa. Tirar-lhe os dentes e lavar com água fria abundantemente. Limpá-la com um pano e pendurá-la pela cauda colocando por baixo uma tigela com o vinho para aparar o sangue que escorrer. Fazer um corte vertical na parte anterior à boca e ao longo dos três últimos orifícios inferiores e retirar a espinha. Fazer outro golpe em redor do orifício anal e puxar a tripa com cuidado para que saia inteira e sem rebentar. Retirar também o fígado e muito cuidadosamente o fel. Cortar às postas sem contudo as separar.
Colocam-se as postas da lampreia a marinar, adicionando-lhe os dois vinhos, os dentes de alho, o alho francês e a salsa (tudo bem picado), o louro quebrado, a pimenta, o cravo e a noz-moscada, e uma pitada de sal, durante 6 horas. Num tacho, faz-se um refogado com o azeite e a cebola cortada em dados, não muito puxado. Quando a cebola ganhar um pouco de cor, juntam-se-lhe as postas da lampreia e deixamos refogar durante cerca de 10 minutos em lume médio. De seguida, junta-se o que ficou da marinada, devendo continuar a refogar também em lume médio, durante mais 10 minutos. Junta-se, então, o vinho da marinada e aumenta-se um pouco a potência do fogo.
Verifica-se se a lampreia está cozida e retiramo-la, deixando o restante reduzir, em fogo brando, cerca de 30 minutos. Retiramos do fogo e trituramos com a varinha eléctrica até obtermos uma solução cremosa. De seguida, adicionamos a quantidade de caldo de carne previamente aquecido necessária para a cozedura do arroz. Quando levantar fervura, adiciona-se o arroz e faz-se correcção de sal. A meia cozedura do arroz junta-se o sangue da lampreia. Quando o arroz estiver cozido junta-se então a lampreia e serve-se de seguida, com calda abundante.

Fonte: www.mariajoaodealmeida.com

Friday, 9 March 2012

O Medo do Homem Sábio (Parte I)

De Patrick Rothfuss
1001 Mundos 2011

Gostei bastante... Uma construção de ambiente de detalhe magistral, mal posso esperar pela segunda parte e pelo 'Nome do Vento'.

Agora em O Medo do Homem Sábio, Dia Dois das Crónicas do Regicida, uma rivalidade crescente com um membro da nobreza força Kvothe a deixar a Universidade e a procurar a fortuna longe. À deriva, sem um tostão e sozinho, viaja par Vintas, onde, rapidamente, se vê enredado nas intrigas políticas da corte. Enquanto tenta cair nas boas graças de um poderoso Nobre, Kvothe descobre uma tentativa de assassínio, entra em confronto com um Arcanista rival e lidera um grupo de mercenários, nas terras selvagens, para tentar descobrir quem ou o quê está a eliminar os viajantes na estrada do Rei. Ao mesmo tempo, Kvothe procura respostas, na tentativa de descobrir a verdade sobre os misteriosos Amyr, os Chandrian e a morte da sua família. Ao longo do caminho Kvothe é levado a julgamento pelos lendários mercenários Adem, é forçado a defender a honra dos Edema Ruh e viaja até ao reino de Fae. Lá encontra Felurian, a mulher fae a que nenhum homem consegue resistir, e a quem nenhum homem sobreviveu… até aparecer Kvothe. Em O Medo do Homem Sábio, Kvothe dá os primeiros passos no caminho do herói e aprende o quão difícil a vida pode ser quando um homem se torna uma lenda viva.

Extractos:
Chamo-me Kvothe. Resgatei princesas dos túmulos de reis adormecidos, incendiei Trebon. Passei a noite com Felurian e parti com a sanidade e com a vida. Fui expulso da Universidade na idade em que a maioria dos alunos é admitida. Percorri caminhos ao luar que outros receiam nomear durante o dia. Conversei com deuses, amei mulheres e compus canções que fazem chorar os trovadores. É possível que me conheçam.
Crítica:
Começa o segundo dia e Kvothe continua a narrar ao Cronista a sua história. A história do seu percurso pela Universidade, com todas as atribulações resultantes da rivalidade com Ambrose (e, em certa medida, do seu próprio orgulho), com a evolução da sua aprendizagem, com as suas pequenas aventuras... e com as grandes mudanças condicionadas pelos acontecimentos do passado. De Imre a Vintas, em busca de um futuro que lhe permita investigar as raízes do passado que lhe marcou a existência, esta é a história de um crescimento que continua, de um mundo que muda e que muda a perspectiva de um dos seus mais interessantes habitantes. Uma história com muitas histórias para contar... Estabelece-se, nesta segunda narrativa da história de Kvothe, um ritmo bastante mais pausado que o do livro anterior. Não abundam os grandes acontecimentos nesta primeira parte e é, em grande medida, esta a razão para o abrandamento no ritmo da narrativa. Apesar disso, não se perde qualquer envolvência. Até a mais simples (ou aparentemente simples) situação em que Kvothe se vê envolvido proporciona momentos de interesse, seja no lado emocional, seja na construção da intrigante personagem que é o protagonista deste livro. Não tendo grandes pontos em comum com a versão idealizada do herói, Kvothe é, ainda assim, uma figura com quem é fácil criar empatia e as suas vulnerabilidades, quando surgem, ganham mais evidência pela personalidade orgulhosa que o define. Trata-se da figura central deste livro, é certo, mas há mais para descobrir para além de Kvothe. Com a sua algo delicada situação na Universidade, é possível ver mais sobre o funcionamento do sistema em que esta se enquadra. E, com a mudança para Vintas, tudo muda, apresentando-se um cenário diferente, onde um sistema de protocolo invulgar e uma série de intrigas vêm aumentar as potencialidades desta história. Mas também das personagens que interagem com o protagonista se define algo de muito importante nesta história, já que as ligações e afectos que se criam entre personagens são uma importante parte deste livro. As amizades, a saudade dos que partiram, a lealdade para com amigos (e, por vezes, para com superiores) e aquele toque de amor desesperado definem, tanto quanto o próprio passado, a empatia evocada para com Kvothe. Ainda de referir um toque curioso que se torna mais evidente com o evoluir da narrativa: a forma como, sendo Kvothe o narrador de (quase) toda a história, lhe compete decidir o que desenvolver e o que abordar de forma superficial. Isto é recordado ao leitor quando momentos que parecem ser os grandes pontos da sua história (segundo as lendas que despertaram o interesse do Cronista) acabam por ser apresentados com uma perspectiva completamente diferente. Eram as melhores as expectativas para este livro, e é certo que não desiludiu. Cativante, com um mundo com vários pontos de interesse e boas personagens, das quais se destaca um protagonista carismático e invulgar, este é um livro que recomendo sem reservas.

As Leituras do Corvo

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Tuesday, 21 February 2012

Casa da Dizima

Para mim um dos melhores restaurantes da zona de Lisboa a todos os níveis. Sobremesas deliciosas.
Menu: Folhado de cogumelos e presunto Bife de Atuma Tataki Filetes de peixe galo com risotto de iima Cremoso de chocolate Pão de ló Montaria Reserva 2009

Sunday, 19 February 2012

Escritor fantasma

Gostei. Belo ambiente. Excelente argumento.
Titulo original: The Ghost Writer
De: Roman Polanski
Com: Ewan McGregor, Jon Bernthal, Kim Cattrall, Pierce Brosnan, Olivia Williams
Genero: Policial, Suspense
Classificacao: M/12

GB/FRA/ALE, 2009, Cores, 129 min. (IMDB)

Um escritor-fantasma bem sucedido (Ewan Mcgregor) é contratado para concluir a autobiografia de Adam Lang, ex-primeiro ministro britânico, iniciada por um outro escritor que morreu acidentalmente. O projecto é de carácter urgente e presume a sua ida para uma ilha próxima da Costa Este dos Estados Unidos onde Lang vive, em quase total isolamento, com Ruth (Olivia Williams), a sua mulher, e Amelia (Kim Cattrall), sua assistente e amante. Mas, o que à primeira vista parece a oportunidade de uma vida, revela-se muito mais complexo. Para começar, quando o escritor chega à ilha, um escândalo rebenta sobre o suposto envolvimento do ex-primeiro ministro com crimes de guerra e espionagem para a CIA. À medida que o seu trabalho na escrita vai avançando, ele compreende que algo de sinistro existe em toda aquela história e uma suspeição paira sobre a morte, supostamente acidental, do seu predecessor e sobre as mensagens crípticas que um manuscrito por ele deixado possa conter. Último filme de Roman Polanski, é baseado no livro "The Gost" escrito por Robert Harris que, juntamente com o realizador, desenvolveu o argumento.in Publico

Critica:
"Thriller" com os vestígios revisitados do "film noir" Roman Polanski voltou às primeiras páginas dos jornais pelas piores razões e o seu nome apareceu conotado com ultrapassados escândalos sexuais, quase fazendo tábua rasa sobre uma obra absolutamente coerente e importante sob várias perspectivas: um olhar singular sobre o património fílmico e literário - desde a paródia vampiresca de "Por Favor Não me Mordam o Pescoço" (1967) ou o revisionismo algo deslocado de "Piratas" (1986), até às curiosas e mais ou menos heterodoxas adaptações de "Macbeth" (1971), "Tess" (1979) ou ao falhado "Oliver Twist" (2005). No entanto, o que nos interessa, aqui e agora, passa pela sua relação persistente com o "thriller", com os vestígios revisitados do "film noir", com o terror psicológico progressivamente interiorizado: das fantasias terríficas de "Repulsa" (1965), dos diabolismos complexos de "A Semente do Diabo" (1968) ou das paranóias visionárias de "O Inquilino" (1976), até ao "neo-noir" de "Chinatown" (1974) ou ao virtuoso grafismo "hitchcockiano" de "Frenético" (1988), decorre todo um percurso de exploração sistemática dos mecanismos do mistério em imagens, filmando sempre muito bem, com enorme rigor e um sentido perfeito do plano e da relevância da montagem. "Escritor-Fantasma" encaixa nesta pessoal preocupação com os detalhes, com o encadeamento maníaco dos indícios, sem nunca descurar aquilo que constitui uma das suas imagens de marca, desde os tempos precursores do seu mais conhecido filme polaco, "Uma Faca na Água" (1962), um estudo angustiante dos diversos estádios da claustrofobia: um escritor com pouco talento (um Ewan Mc Gregor em grande forma) vê-se contratado para dar consistência literária e narrativa às memórias pessoais e políticas de um ex-primeiro ministro britânico (Pierce Brosnan, em registo quase caricatural, numa emulação evidente de Tony Blair, reforçada pela aparição de uma espécie de "duplo" de Condoleeza Rice), envolvido num escândalo de tortura (a invasão do Iraque e remissões subliminares para a história recente, em pano de fundo). Importante é o facto de substituir um seu predecessor (ausente da narrativa, mas omnipresente nos fatos pendurados no armário ou nas fotos que recolheu, como o fictício agente de "Intriga Internacional" de Hitchcock), que aparentemente se suicidara no mar, ao desaparecer de dentro de um carro encontrado vazio, logo nos primeiros planos do filme, a bordo de um "ferry" que fazia a travessia do continente americano para uma não identificada ilha, com contornos ficcionais de Martha''s Vineyard, embora filmada por razões logísticas algures ao largo da costa alemã. E é neste contexto fantasmático que o filme nos agarra e nos emociona, criando uma tensão crescente, um delírio imagético que nunca cede à facilidade ou à demagogia: de pista em pista, de personagem em personagem, temos um retrato de corpo inteiro da paranóia (sempre a paranóia) que leva o protagonista a reconstituir o "lugar do crime", mais interessado nos fios da trama ficcional (que espantoso "contador de histórias" permanece Polanski) do que na rede infinita de armadilhas politicamente discerníveis. Fechado numa casa, dentro de uma ilha, dentro das suas próprias perplexidades, o escritor afronta todos os fantasmas com a curiosidade de uma criança que abre os brinquedos para descobrir o que contêm no interior. Esta letal inocência confere ao labirinto de referências uma vertigem inimaginável (veja-se a prodigiosa viagem à casa do agente da CIA, guiada pela voz, também ela fantasmática, de um GPS programado, transformado em instrumento de um destino inevitável), um crescendo dramático em que cada imagem faz tanto sentido, quando a cifrada leitura anagramática do texto das memórias. Mas, como no melhor Hitchcock, tudo funciona como um pretexto, como um McGuffin, tendente a fazer do percurso e do ritmo o melhor da demanda. Claro que haverá quem aproveite a exterioridade do virtuosístico argumento (a meias entre Polanski e o autor do romance original, Robert Harris) para falar de autobiográfico ajuste de contas com os tentaculares poderes americanos de que foi "vítima", sublinhando as coincidências do exílio forçado e as manobras intimidatórias, mas o essencial passa por ideias de cinema puro: o gélido ambiente da casa modernista, a recordar imaginativamente (e sem cópias simplistas) a de James Mason, em "Intriga Internacional"; as cinzentas brumas da ilha; as mensagens escritas que passam de mão em mão; o encontro, também ele "hitchcockiano", com uma figura que parece não fazer parte integrante da história (inesquecível "cameo" do grande Eli Wallach); a perturbante presença do feminino mortalmente carnívoro, dando a Olívia Williams, a mulher do ministro, uma densidade inesperada. Tudo no seu lugar, como um "puzzle" gigantesco que se desenrola com a perfeição dos grandes divertimentos fílmicos do passado. Que prazer se torna viver, durante duas horas, dentro de uma redoma cinematográfica, em que as coincidências com o contexto político exterior apenas acentuam o fingimento sistemático das formas fugidias e mutáveis!

Mario Jorge Torres

Friday, 17 February 2012

Cerco Leningrado

Grande interpretação ... uma bela homenagem ao teatro e todos os seu profissionais.
Há mais de vinte anos que duas mulheres vivem fechadas num velho teatro e lutam contra a sua anunciada demolição, defendendo os seus ideais até ao último alento. Uma comédia de José Sanchis Sinisterra que comemora uma vida dedicada ao teatro, a da consagrada actriz Eunice Muñoz. Eunice Muñoz está a completar 70 anos de carreira em cima dos palcos, com a peça O Cerco a Leningrado. Depois da estreia em finais de Novembro no Centro de Artes Dramáticas de Oeiras e de uma passagem por Madrid, O Cerco a Leningrado chega ao Teatro São Luiz no dia 8 de Fevereiro. Priscila e Natalia não saem do teatro há décadas, mais precisamente desde a estranha morte de Nestor Coposo, director da companhia, marido da primeira e amante de ambas. É por ele que ali decidem ficar a lutar, não sem antes estabelecerem algumas regras: nunca falarem da morte de Nestor e muito menos usarem a palavra assassinato; dedicarem a existência a encenar “O Cerco de Leningrado”, texto da autoria de Nestor que crêem poder desvendar factos sobre a sua morte e que nunca chegou a estrear. Encenada por Celso Cleto, a peça - a mais conceituada obra do dramaturgo espanhol Sanchis Sinisterra -, é uma homenagem aos profissionais de teatro e marca a comemoração em palco dos 70 anos de carreira de Eunice Muñoz. A actriz estreou-se em 1941 no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em “Vendaval”, de Virgínia Vitorino.

Saturday, 4 February 2012

Sé Catedral de Évora

Monumento nacional - Arquitectura Religiosa / Sé, Catedral (1186-1250)


A Sé de Évora é a maior Catedral medieval do país. A um primitivo templo construído entre 1186 e os primeiros anos do século XIII, sucedeu-se o grandioso monumento que hoje existe, resultado essencialmente de duas notáveis campanhas da Baixa Idade Média.

Wikipedia

Friday, 3 February 2012

Pousada dos Lóios

Edifício fascinante. Bons quartos e serviços. Não jantei.


Pernoitar na Pousada de Évora, Convento dos Lóios, significa visitar um passado distante, ter o privilégio de viver a História a cada pedra, cada objecto, inclusive as simples e rudes celas dos antigos dormitórios dos Cónegos Regrantes, hoje convertidos em quartos com decoração afável.
As muralhas da cidade de Évora, classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, escondem, no seu interior, uma das mais formosas Pousadas de Portugal. Este luxuoso Hotel em Évora encontra-se situado em pleno centro histórico da cidade, entre a Catedral Gótica de Évora e o Templo de Diana. Aqui irá descobrir que a história, o requinte e o luxo são os vectores que originaram este majestoso Hotel.


Dom Joaquim

Boa comida. Pode ser um pouco confuso. Excelente garrafeira. Vale a pena visitar.


Lifecooler

Thursday, 2 February 2012

Vox Lumiere: Phantom of the Opera

Não gostei. Confuso, mau som, musicalmente discutível. O melhor foi mesmo o filme.
Nesta produção de século XXI, nada é o que foi… The Phantom of the Opera veste uma nova roupagem, com um estilo mais rock, mesclado com a magia dos grandes clássicos do cinema mudo e com efeitos multi-média. The Phantom of the Opera é assim um espetáculo musical, de teatro e multimédia, com música rock, cantada, tocada e dançada e os cenários inspirados no cinema mudo

Sunday, 29 January 2012

Os homens que odeiam as mulheres

Cru e profundamente inquietante, algo está podre no reino do IKEA. Gostei bastante do filme e do ambiente soturno\neurótico do local. Lisbeth soube-me a pouco.
Titulo original: The Girl with the Dragon Tattoo
De: David Fincher
Com: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård
Genero: Drama, Thriller
Classificacao: M/16

GB/ALE/EUA/SUE, 2011, Cores, 158 min. (IMDB)

Mikael Blomqvist (Daniel Craig), jornalista e fundador da revista "Millenium", dedica a sua vida a revelar o crime e a corrupção que minam a sociedade sueca. Como resultado, tem vários inimigos e é tido como culpado num caso de difamação. Um dia é procurado por Henrik Vanger (Christopher Plummer), empresário de renome obcecado em compreender as razões que levaram ao desaparecimento, há mais de 40 anos, da sua sobrinha. Vanger acredita que alguém da família poderá estar relacionado com o desaparecimento de Harriet, cujo corpo nunca foi encontrado. O empresário faz então uma proposta irrecusável ao jornalista: dá-lhe acesso total à sua vida, documentação pessoal e dados familiares em troca da solução para o caso. Com a ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma "hacker" profissional com um passado misterioso, Mikael vai encontrar a história da sua vida. Um "thriller" de David Fincher ("Clube de Combate", "Sete Pecados Mortais", "O Estranho Caso de Benjamin Button", "A Rede Social"). Depois do enorme sucesso do filme de Niels Arden Oplev em 2009, é a adaptação americana do primeiro tomo da trilogia "Millennium" de Stieg Larsson, obra que já vendeu 65 milhões de cópias em 46 paísesin Publico

Critica:
David Fincher adapta o primeiro dos três romances de Stieg Larsson: é mais cinema que a versão sueca, mas falta-lhe Noomi Rapace Havia, genuinamente, necessidade de voltar a adaptar ao cinema os romances da trilogia “Millennium” de Stieg Larsson, dois anos apenas após a produção de uma versão escandinava (feita originalmente a pensar na televisão, é verdade, mas estreada em sala)? Digamos que, para lá da tradicional fuçanguice autista dos estúdios americanos e da sua alergia a tudo o que seja falado noutras línguas que não o inglês, havia espaço para se fazer melhor. Os três filmes suecos não passavam de peças funcionais à medida de uma “soirée” televisiva meio distraída, com um ponto grande a favor na presença de Noomi Rapace, que encarnava a heroína gótico-psicótica Lisbeth Salander como se nunca tivesse feito outra coisa na vida. E faz todo o sentido que seja David Fincher a assumir as rédeas desta “remake”, ou não fossem Lisbeth e o jornalista Mikael Blomqvist, heróis falíveis e fortes, obsessivos e trágicos, à medida das personagens principais da sua filmografia. Não deve, igualmente, ser mera coincidência que os crimes desvendados pela “hacker” asocial e pelo jornalista desacreditado enquanto investigam o passado de uma rica família industrial sueca transportem longínquos ecos de dois dos filmes-chave do realizador americano: “Sete Pecados Mortais” e “Zodiac”. Nas mãos de Fincher e do argumentista Steven Zaillian, assim, o primeiro dos três romances de Larsson ganha uma fluidez e uma inquietação envolventes, confirmando o cineasta americano como mestre do enquadramento atmosférico. O que “Os Homens que Odeiam as Mulheres” tem que o original de Niels Arden Oplev não tinha é a sensação de pântano traiçoeiro de uma sociedade que esconde uma tonelada de esqueletos no armário por trás da sua aparência de funcionalismo-IKEA. É um filme mais duro, mais impiedoso, que lança igualmente um olhar perturbante sobre uma sociedade da informação onde os segredos o são cada vez menos ou por um menor espaço de tempo. Mas perde-se onde, ironicamente, mais importava ganhar - na Lisbeth de Rooney Mara, mais autista e menos humana que a de Noomi Rapace. É uma criação de uma nota só, que nunca penetra realmente até ao núcleo da personagem, tanto mais quanto Daniel Craig é uma excelente opção para a personagem de Blomqvist e o restante elenco consegue fazer milagres com apenas duas ou três cenas (Steven Berkoff e Joely Richardson são extraordinários). O resultado desvia o centro de gravidade de Lisbeth para Blomqvist, com Fincher a subalternizar o mistério policial no centro da trama, reduzindo-o a um simples pretexto para um exercício de estilo virtuoso na construção de uma atmosfera inquietante de corrupção profunda, à medida de um realizador perfeccionista. É um filme eficaz e intrigante, cerebral q. b., mas ao qual falta aquele “rasgo” que o elevasse acima do mero funcionalismo de luxo.

Jorge Mourinha

Saturday, 28 January 2012

Nortada

Vista imbatível. Bom serviço. Excelente serviço de peixe e marisco. A voltar com certeza.


Menu: Filetes Linguado com arroz lingueirão, Bife de atum grelhado

Web . Lifecooler

Saturday, 21 January 2012

Rota das Sedas

Grande ambiente. Excelente comida. Serviço foi um pouco desligado demais. A voltar rápidamente.


Web . Lifecooler

Friday, 13 January 2012

Deixa-me entrar

Fiquei fascinado por este filme. Adorei.
Titulo original: Låt den rätte komma in / Let the Right One In
De: Tomas Alfredson
Com: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar
GeneroDrama, Thriller
Classificacao: M/16

SUE, 2008, Cores, 114 min. (IMDB)

Aos 12 anos, Oskar é um adolescente frágil, martirizado pelos colegas de turma e sem amigos. Ele não contra-ataca, mas sonha vingar-se. Quando conhece Eli, uma menina da sua idade, sente que finalmente encontrou alguém com quem pode ter uma verdadeira relação de amizade. Porém, a rapariga intriga-o: ela apenas sai à noite e, apesar do muito frio, anda sempre de t-shirt. A agravar as suas suspeitas está o facto de a sua chegada a Estocolmo coincidir com uma série de mortes e desaparecimentos misteriosos. Até que tudo se esclarece: ela é uma vampira. Será a amizade de Oskar por ela mais forte que o seu medo?in Publico

Critica:
A história de uma vampira adolescente e do seu único amigo é um dos mais espantosos filmes sobre a adolescência que vemos em muito tempo. E se a nova vizinha do lado só sair à noite, não tiver frio mesmo quando está a nevar, irritar os gatos, não for à escola e só entrar em sua casa depois de ter sido convidada, isso quer dizer que... é uma vampira - mesmo que só tenha 12 anos. Ou, melhor, mesmo que só fisicamente tenha 12 anos. Mas a mais recente revisão do mito dos vampiros não usa o vampirismo como metáfora para o sexo ou para a luxúria (ou mesmo, como "Crepúsculo", para a abstinência adolescente). "Deixa-me Entrar" é uma história de iniciação à idade adulta que é, ao mesmo tempo, mais inocente do que qualquer história de vampiros alguma vez foi, mas também mais perturbante. Por tudo aquilo que deixa por dizer - e deixa muito, porque o sueco Tomas Alfredson prefere sugerir mais do que explicar. Toda a componente sobrenatural é elidida, as cenas de violência gráfica contam-se pelos dedos: há qualquer coisa de fábula nesta história de dois adolescentes sozinhos que encontram conforto nos braços um do outro, mas é uma fábula glacial e selvagem, que segue os cânones vampíricos no seu onirismo inquieto ao mesmo tempo que os subverte com a banalidade do subúrbio desenrascado de Estocolmo onde tudo se passa, e que explora o lado animal, instintivo do vampirismo por oposição à fantasia civilizada da sedução romântica. Oskar é um miúdo de doze anos, filho de pais separados, entregue a si próprio a maior parte do dia e perseguido por um colega de escola que tira especial prazer de o humilhar; as suas fantasias de vingança encontram libertação na faca que mantém escondida debaixo da cama e nas notícias de crimes sórdidos que recorta dos jornais, entre os quais uma vítima que foi sangrada até à morte num subúrbio próximo. A nova vizinha de patamar intriga-o - sobretudo depois de ela se cruzar com ele no pátio do prédio e dizer-lhe que nunca poderão ser amigos. É o princípio de uma viagem que equaciona o estatuto de "outsider" do vampiro com a alienação adolescente dos miúdos em busca de aceitação por parte dos colegas, mas que também joga de modos extremamente inteligentes com a própria reputação "glacial", Bergmaniana, do cinema escandinavo. Por trás de um formalismo preciso e extremamente estruturado, Tomas Alfredson injecta sabiamente doses homeopáticas de emoções arrebatadas (amor, ódio, raiva) como só na adolescência conseguimos sentir - e fá-lo sem precisar de carregar no traço, deixando que um olhar, um gesto, um sorriso digam tudo o que é preciso. Mas também não recua perante o negrume imenso do abismo em que Eli, a menina-vampira, vive - e que não é assim tão diferente do desespero surdo que percorre o quotidiano de Oskar. O impacto emocional de "Deixa-me Entrar" é tão visceral como a erupção súbita da violência animal que o habita a espaços. E reduzi-lo a mero filme de género é injusto para o que é não apenas uma grandíssima surpresa como um dos filmes mais atentos ao que é ser adolescente que vimos em muito tempo.

Jorge Mourinha

Thursday, 12 January 2012

Jogo de Sombras

Previsivel, aborrecido, mais do mesmo ... não gostei
Titulo original: Sherlock Holmes: A Game of Shadows
De: Guy Ritchie
Com: Robert Downey Jr., Jude Law, Jared Harris
Genero: Acção, Aventura
Classificacao: M/12

EUA, 2011, Cores, 126 min. (IMDB)

Sherlock Holmes, o brilhante investigador criado por Sir Arthur Conan Doyle, regressa numa abordagem diferente, cheia de acção, onde o intelecto e a dedução estão agora aliados às artes marciais e ao boxe. Desta vez Holmes e o seu fiel companheiro Dr. John Watson juntam esforços e sinergias para arruinar o terrível plano de um dos seus piores inimigos: o professor Moriarty (Jared Harris). Com a realização de Guy Richie, é a sequela do filme "Sherlock Holmes" (2009) e volta a reunir a dupla Robert Downey Jr. (Holmes) e Jude Law (Watson). in Publico

Thursday, 5 January 2012

Alegria

Como sempre é um espectáculo caro ... mas vale a pena. Magia pura em diversos actos e muita beleza. Senti alguma dificuldade em seguir o fio condutor e alguns actos não estiveram ao nível do resto da produção, mas no final só uma enorme sensação de algumas horas bem passadas.
Alegría apresenta um elenco de 55 artistas e músicos originários de 17 países diferentes. Alegría tem um estilo barroco e operático, com um guarda-roupa extravagante, música ao vivo e uma actuação elaborada que realça o surpreendente espectáculo artístico e atlético. O resultado é uma impressionante mistura de talento, força e velocidade, combinados com performances elegantes, quase etéreas.
O espetáculo de duas horas e meia, com intervalo, mostra acrobacias de cortar a respiração. Os atos incluem o Synchro Trapeze e a elevada energia do Aerial High Bars, em que trapezistas temerários voam para as mãos de outros que balançam a mais de 12 metros do palco. A vibração da juventude está presente na acelerada Power Track, uma brilhante demonstração sincronizada de coreografia e saltos num sistema de trampolins que se esconde por baixo do palco. Nas Russian Bars, artistas voam em espectaculares cambalhotas e flips para aterrarem numa barra com 10 centímetros de largura, pousadas nos ombros de colegas.
Alegría é mais do que um espectáculo... é uma experiência única e entusiasmante que cativa público de todas as idades. De um grupo de cerca de 20 artistas de rua, quando começou em 1984, o Cirque du Soleil cresceu até atingir a liderança no entretenimento de qualidade, contando com mais de 5 mil empregados, incluindo mais de 1300 artistas originários de quase 50 países diferentes. A companhia já deslumbrou e maravilhou quase 100 milhões de espectadores, em mais de 300 cidades nos 5 continentes.

in Lux.Iol.pt

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