Título original: Hancock
De: Peter Berg
Com: Will Smith, Charlize Theron, Jason Bateman
Género: Acç, Com
Classificação: M/12
EUA, 2008, Cores, 95 min. (IMDB)
Há heróis, super-heróis e há Hancock (Will Smith), um herói incompreendido que vive em Los Angeles. As pessoas estão fartas dele, mas Hancock não se preocupa com o que os outros pensam. Até que um dia descobre que talvez tenha um lado vulnerável.in Público
Crítica:
Os super-herois sempre foram idealizados como sendo os perfeitos exemplos da humanidade e da sociedade, no entanto, chega-nos agora ás salas de cinema “Hancock”, um filme que nos apresenta uma personagem que vem contradizer esses idealismos predefinidos e consagra o termo anti-heroi. Hancock (Will Smith) é um super-heroi fora do normal, é conflituoso, sarcástico, e incompreendido, as suas acções são sempre bem intencionadas, e apesar de salvar inúmeras vidas, deixa sempre um rasto do seu “trabalho”. Os cidadãos de Los Angeles começam a ficar fartos deste herói e perguntam-se o que fizeram para merecer isto. Hancock não é um homem que se preocupa com o que as pessoas pensam, até ao dia em que ele salva a vida do Relações Públicas Ray Embrey (Jason Bateman), e começa a perceber que também ele pode ter um lado vulnerável.
O filme funciona como uma espécie de crítica ao status que os super-herois detêm no mundo do entretenimento, sendo sempre vistos como seres perfeitos que só praticam boas acções com o melhor comportamento possível, “Hancock” coloca uma nova situação em cima da mesa, e se um super-heroi salvasse o mundo mas agisse como um idiota, seria na mesma respeitado e adorado por todos? Hancock, brilhantemente interpretado por Will Smith, tem super-poderes sobre-humanos mas uma personalidade bem humana, bebe em demasia, não se preocupa com o seu vocabulário nem com a forma como aborda as pessoas, simplesmente adopta uma postura em que não se preocupa com o que o mundo pensa, e á luz desta terrível personalidade Hancock não tem os tradicionais fãs, não é respeitado pelos mais novos e metade da cidade de Los Angeles que processa-lo, até a própria policia quer vê-lo na prisão. Esta visão de um anti-heroi, abordada pelo argumento do filme, não deixa de ser inovadora, caindo muito bem numa época onde cada vez mais os típicos heróis da Marvel têm o seu próprio filme, contudo esta interessantíssima ideia acaba por não ter o aproveitamento devido, sendo pobremente executada por um argumento que apresenta demasiadas falhas, o que leva o filme por um caminho confuso e saturante.
“Hancock” até começa bem, apresentado de forma clara a sua personagem principal, contudo á medida que o filme se desenvolve e Hancock começa a amolecer, o filme vai perdendo interesse. No inicio a personalidade aguerrida e conturbada do nosso anti-heroi, permite cenas de elevado teor cómico que nos fazem perceber de forma clara a sátira montada á imagem superficial de super-heroi, no entanto, á medida que Hancock começa a perder a sua rebeldia, a história começa a entrar espiral descendente, o Drama e o Romance começam a tomar conta do filme, estragando por completo o ambiente criado nas primeiras cenas do filme. O argumento falha em contrabalançar a acção e diversão do início com o drama e tensão do desenvolvimento, criando um filme emocionalmente incoerente com um final verdadeiramente confuso e bastante aparvalhado.
Outro aspecto negativo do filme é o vilão. Todos os heróis sendo super ou anti precisam de um vilão á sua altura, é certo que no inicio do filme Hancock é o seu próprio inimigo, no entanto, com o desenrolar da história essa posição é ocupada por Red (Eddie Marsan) que é certamente um dos vilões mais fracos de sempre já que não intimida nem convence ninguém, Red é o resultado de uma má construção de personagem acompanhada por um péssimo desempenho do actor em causa. Devido á natureza de Hancock, poder-se-ia ter levado o vilão muito mais longe por um caminho completamente diferente.
Will Smith é a estrela do filme e do elenco, mais um bom papel de Smith que tem vindo a impressionar Hollywood com as suas performances praticamente imaculadas, com “Hancock” o nível apresentado não foi o mesmo de “I Am Legend” contudo isso seria pedir demasiado, as circunstancias são outras e “Hancock” é claramente um filme menos exigente e mais comercial.
“Hancock” poderia ter oferecido muito mais com a boa ideia que orienta o seu argumento, a sua história acaba por resultar numa confusão de sentimentos e emoções. Salvam-se os momentos de humor e a intenção de criar uma sátira aos filmes tradicionais de super-herois. Infelizmente, “Hancock”, não funcionou como filme de Acção/Aventura.
Portal Cinema
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