Título original: Angels and Demons
De: Ron Howard
Com: Tom Hanks, Ayelet Zurer, Ewan McGregor
Género: Drama, Thriller
Classificação: M/12
EUA, 2009, Cores, 140 min. (IMDB)
Baseado no livro homónimo de Dan Brown, uma nova aventura do simbologista Robert Langdon (Tom Hanks) - o "herói" de "O Código Da Vinci".
Quando um cientista do CERN (o centro europeu para a investigação nuclear, sedeado em Genebra) aparece morto, marcado a ferro em brasa com o símbolo dos Illuminati, o especialista em religião de Harvard é chamado a intervir. Langdon conclui que a antiga e poderosa confraria secreta está de regresso para cumprir o seu objectivo: destruir a Igreja Católica. Mas o tempo é escasso para perceber o que se trama contra o Vaticano, numa altura em que o mundo está de olhos postos no Conclave (a eleição do Papa). A acompanhá-lo na sua aventura, a cientista Vittoria Vetra (Ayelet Zurer), uma personagem que também guarda os seus mistérios.
Uma corrida contra o tempo, por marcos emblemáticos de Roma, em que cada segredo é uma chave e cada revelação um perigo.in Publico
Crítica:
Rally-paper
"Anjos e Demónios" é mesmo "O Código Da Vinci 2": mais do mesmo, impecavelmente apresentado mas perfeitamente descartável.
Sucesso global oblige, eis a continuação das aventuras de Robert Langdon, o académico estudioso de símbolos inventado pelo romancista Dan Brown a que Tom Hanks volta a emprestar os seus traços (e a sensação de estar em "piloto automático" para receber o cheque ao fim do mês).
Na verdade, "Anjos e Demónios", o livro, foi escrito antes de "O Código Da Vinci", mas para efeitos cinematográficos "passou" a sequela - sem que isso tenha sequer implicado alterar significativamente a trama original de Brown. Os caminhos de Langdon voltam a cruzar os da Igreja Católica para mais um mistério em formato de "rally-paper", que tem de ser resolvido a contra-relógio em menos de 24 horas, sob pena de quatro cardeais perderem a vida de modos requintadamente sádicos e uma bomba muito pior que nuclear arrasar o Vaticano e metade da Roma. Há vilões que afinal são bons, heróis que afinal são maus, enigmas a resolver para descobrir a próxima pista, e um lado tópico na oposição dogmática entre a religião e a ciência que serve de pano de fundo à trama (e que, nos dias de hoje, é particularmente "do momento"); em suma, todo o arsenal do bom "thriller" cosmopolita de aeroporto, sem novidades nem surpresas.
Mas, claro, não é surpresa que se espera de um filme como este - apenas um entretenimento eficaz, eficiente, funcional, com os "acabamentos" de qualidade que se esperariam de um grande orçamento hollywoodiano.
No entanto, já é legítimo esperar um bocadinho mais do que um filme dramaticamente anónimo, incapaz de injectar qualquer tipo de energia, personalidade ou entusiasmo na "fórmula resolvente" que fez a fortuna de Dan Brown. É verdade que "Anjos e Demónios" é menos maçador e mais ritmado (e 20 minutos mais pequeno...) que o seu predecessor. É verdade que Ron Howard é melhor a fazer estas coisas do que "Frost/Nixon" (o que não quer dizer muito, porque fora "Apollo 13" e "Resgate" não há muito mais que se recomende na sua obra). E, sobretudo, é verdade que "Anjos e Demónios" nem se vê mal (mas desde quando é que "não se ver mal" é grande recomendação?). Mas vamos ser sinceros: grande cinema é outra coisa. E "Anjos e Demónios" também não quer ser grande cinema: apenas um entretenimento descartável. Missão cumprida...
Jorge Mourinha