Críticas: | Pretencioso demais. Comida aceitável mas não deslumbrou. Preço nada simpático. Não devo voltar. Nosso menu:Pato com folhado de maçã, Peito frango com verduras, Mil-folhas de frutos do bosque,
Dois pratos e um serviço atencioso não salvam este projecto. Diogo Novais provou (e chumbou) o ‘restaurante do Goucha’.
Há coisas que devem ser ditas à velocidade com que se arranca um penso rápido. Como isto: o novo restaurante de Manuel Luís Goucha é pretensioso, pomposo e tem tudo o que é necessário para ser nomeado o melhor exemplo do novo-riquismo português aplicado à restauração. Uma questão de gosto, dirão, mas neste caso... de muito mau gosto. Desde a chaise longue da entrada, às colunas douradas, aos quadros pseudo-antigos, até à música ro(muito)cocó… quase tudo neste sítio parece ter sido feito para assustar e espantar. Nem todos os clientes acharão o mesmo, claro, porque há sempre quem goste de decorar a casa em tons Ferrero Rocher; mas pelo menos os clientes com níveis de exigência acima de zero, que não confundam luxo com dourados, vão achar a experiência insuportável aos olhos.
E quanto a ser kitsch – o argumento habitual para justificar o injustificável – é preciso dizer que kitsch, infelizmente, não é para quem quer, mas para quem pode. Implica exageros decorativos deste tipo, é verdade, mas que só têm graça se forem deliberados e equilibrados. Estes, infelizmente, parecem demasiado sinceros.
Por tudo isto, só é possível provar a comida do “Em Banho Manel” se esquecermos o cenário e nos focarmos na mesa. Foi o que começámos por fazer num domingo soalheiro em que serviam cozido à portuguesa como prato do dia. Dissemos que sim, alinhávamos no prato único, mas começávamos pelas entradas. E começou o choque financeiro: 13, 14, 16 euros por entradas banais e corriqueiras. Escusado será dizer que se não fosse pela crítica não pediríamos nenhum. Como foi, escolhemos uma das opções mais baratas na lista, uma tosta com cogumelos selvagens. E começou o assalto ao bolso: pão normal, com cogumelos normais e quatro amoritas (porquê amoras?) num prato normal. Mas que valia 13 euros.
A comida, esperámos, salvaria a honra do convento. Mas azar dos azares, o cozido, esse prato cuja confecção devia estar regida pelas leis da República, estava frio. Criminosamente frio, a roçar o morno. Verdade seja dita, até tinha pinta de ter sido um prato saboroso quando saiu do fogão. Mas isso, seguramente, já tinha acontecido há algumas horas. Para tentar confirmar que foi tudo azar voltámos outro dia e mais uma vez pedimos prato do dia. Era cabrito e estava infinitamente melhor. A carne escura, com aspecto de muitas horas de cozinha, a pele do bicho tostada e coberta de ervas; o arroz de miúdos solto, nem gorduroso nem ensopado. Numa outra visita deixámos os pratos do dia e abrimos a ementa. Medalhões de tamboril, recomendou o empregado, e acertou em cheio. O peixe no ponto limite de sal, o molho de mexilhão granulado, com aspecto de caril mas sabor a marisco fresco, muito acima da média.
Então e as sobremesas do mestre que escreve livros sobre o assunto? Só pedimos uma vez, um tiramisú, e chegou para todas as visitas. Um, não sabia a café; dois, vinha carregado numa espuma de nata, qual São Marcos em versão tunning. E por estas refeições paga-se uma média de 30 euros por cabeça? Não, obrigado.
por Tme-out |
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