Friday, 30 November 2007

Zé Pinto

LISBOA

Tasca familiar, as mesas são apertadas, o serviço por vezes atabalhoado, o ambiente não é confortável, voltaria lá?
Sem dúvida. Autenticidade é o adjectivo, pessoas autênticas que nos servem com simpatia o melhor arroz de feijão da cidade. De comer e chorar por mais.
Quem goste, peça o "abono de família", um picante caseiro que apimenta na perfeição a carne. O arroz doce e a mousse de chocolate, verdadeiramente caseiras, são escolhas maiores de sobremesa.
Estou desejoso de voltar.

Comida

Excelente arroz de feijão

Preço

8 a 14 Euros

Ambiente

Não será pela decoração que lá irão.

Serviço

Simpáticos, mas podia ser mais atencioso


Localização:


Nosso menu:

  • Entrecosto frito com arroz de feijão
  • Mousse de chocolate
  • Tinto da casa

Saturday, 24 November 2007

Madragoa café

Rua da Esperança 136
1200-659 LISBOA
Tel. 21 397 85 67
Fecha Sábados (Almoços), Domingos, Reserva aconselhável


Ao principio parece mais uma "tasca" da zona, mas uma vista de olhos pela ementa transporta-nos para longe da típica Madragoa lisboeta. Comida saborosa e serviço esmerado num dos mais castiços bairros do burgo.
Para voltar.

Comida

Pratos equilibrados e saborosos

Preço

€€

16 a 31 Euros

Ambiente

Antiga tasca em bairro típico. Frio no inverno.

Serviço

Atencioso


Um espaço original que apresenta, diariamente, cerca de 12 pratos pertencentes a locais tão diversos como Indonésia, Japão, Norte de África, Itália ou França.
À primeira vista, trata-se de uma típica tasca lisboeta mas as propostas gastronómicas contrariam essa imagem, praticando-se uma cozinha de fusão. Aqui inventa-se, experimenta-se, criam-se novos pratos, combinando sabores e ingredientes de diversas cozinhas, sobressaindo um toque oriental, sob a respobnsabilidade do chefe Fabio Amaral.
Ambiente muito acolhedor e tradicional, fazendo lembrar as tradicionais tascas de Lisboa. As paredes cobrem-se de pequenos candeeiros tradicionais.
O Madragoa Café conta com a experiência do chefe Fernando Matos Branco, que desenvolveu a sua arte em terras estrangeiras, mais concretamente na Austrália, onde experimentou um mundo de diferentes sabores e paladares. Daí nasce a principal riqueza do restaurante, a combinação entre o tradicional português e a influência oriental.


Localização:


Nosso menu:

  • Tostinhas com paté de atum
  • Folhado de camarão c/curry e alho francês servido c/ fricassé de espargos e cogumelos e camarão c/ arroz e salada mista
  • Tranche de Salmão c/ crosta de requeijão e ervas servido cousous ratatouille
  • Bolo de cacau c/ recheio de amexa preta e coco
  • Planalto 2006 branco



Outros links:

Poda de Roseiras

Certificado


Há três maneiras de agir sabiamente:
uma pela reflexão, que é a mais nobre,
outra pela imitação, que é a mais fácil
e a teceira pela experiência, que é a mais amarga.

Provérbio chinês


Declara-se que PJTM sabiamente aprendeu e reflectiu durante o curso de "Poda de Roseiras", que decorreu na Escola de Jardinagem no período compreendido entre os dias 10 a 24 de Novembro de 2007, com a duracção de 9 horas.

Conceitos:

  • Época da poda de roseiras
  • Método de execução
  • Problemas provocados pela poda
  • Higiene e segurança nos trabalhos de poda
  • Introdução à Estacaria
  • Introdução à Enxertia


Ficam aqui desde já os meus agradecimentos à fabulosa equipa dos cursos livres de jardinagem da CML, coordenadoras e formadores, pelo fantástico trabalho que torna a nossa participação em qualquer curso uma experiência única.

África acima

de Gonçalo Cadilhe
Oficina do Livro 2007

Acabei de ler este mágnifico livro que recolhe crónicas semanais que Gonçalo Cadilhe publicou no EXPRESSO durante vários meses. É, no fundo, um relato de uma viagem de oito meses em que o jornalista percorreu 27 mil quilómetros através de África, viajando desde o Cabo da Boa Esperança, no Sul, até ao Estreito de Gibraltar, no Norte.
Aconselho vivamente.

Como é seu hábito, Gonçalo Cadilhe recusou o transporte aéreo. Em autocarros e comboios, em balsas e bicicletas de ocasião, à boleia em camiões ou a pé com a mochila às costas, o viajante atravessou África desde o cabo da Boa Esperança, no extremo Sul, até ao Estreito de Gibraltar, no extremo Norte.
Oito meses, quinze países, 27 000 quilómetros e 50 000 palavras resultaram num livro sincero e deslumbrado, em que as amizades, o humor, a tolerância e a humildade conseguem vencer a miséria, a corrupção, as estradas desfeitas e o calor brutal de uma viagem épica por um continente impressionante. Na sua mais recente viagem, Gonçalo Cadilhe redescobre a magia e os mistérios de uma África que continua a fascinar os grandes viajantes.

Extratos:
A península do Cabo da Boa Esperança (...). Aqui teve origem Portugal, penso. Não aquele dos portugueses, mas o país do resto do mundo. Se não fora por este Adamastor por fim domado, o que nos faria aparecer no percurso comum da humanidade? Que espaço nos seria dedicado na enciclopédia? Quantas linhas, que assunto, nos livros de história? Uma nota de pé de página sobre a pesca do bacalhau?

É este o meu projecto: atravessar África. Prosseguir do Sul para o Norte utilizando as estradas do continente, recorrendo aos transportes públicos, aos autocarros maltratados pelos anos, aos comboios que ainda andam, pedindo boleia, viajando com as pessoas da terra - em terra onde estiver, farei como vir. Excluo o transporte aéreo, voar sobre África não é viajar por África. Aliás, voar não é viajar

Thursday, 22 November 2007

Beowulf

Admito que o argumento podia estar melhor, que bastantes movimentos estão mecânicos e perdem fluidez, no entanto, gostei. Os pormenores técnicos em alguns pontos são de cortar a respiração e fiquei com curiosidade de ver a versão 3D. Não é nenhuma obra prima e talvez ganhasse em ter os actores realmente sobre o mundo digital. Para o que é, entretém. Recomendado para quem tenha interesse pela tecnologia e por fantasia sem limites ... todos os outros, esqueçam.

Título original: Beowulf
De: Robert Zemeckis
Com: Angelina Jolie (Voz), Anthony Hopkins (Voz), John Malkovich (Voz)
Género: Ani, Fantasia
Classificacao: M/12

EUA, 2007, Cores.

Numa época em que a Terra vive coberta pelas trevas, Beowulf, um poderoso e corajoso guerreiro, destrói o indomável demónio Grendel, despertando dessa forma a fúria imortal da sedutora mãe da besta. A batalha épica que se segue imortalizará o nome de Beowulf. Realizado por Robert Zemeckis, "Beowulf" é uma adaptação do mais antigo e conhecido poema épico escrito em língua inglesa, que foi uma inspiração capital para a obra de J.R.R. Tolkien.
"Beowulf" será exibido numa versão 3D em alguns cinemas. In PUBLICO

Crítica:

Sangue, baba, espadas, fogo, dentes, mobília, vale tudo menos tirar olhos para atirar à "cara" do espectador devidamente munido da nova geração de óculos polarizados para criar cinema em 3-D sem as dores de cabeça dos bons velhos tempos.

"Beowulf" chega primeiro às salas portuguesas na sua versão em 3-D digital antes de (na próxima semana) estrear na versão normal. O problema é que o efeito inegavelmente espectacular do relevo tridimensional não consegue esconder que, por mais estrelas que esta releitura da gesta nórdica que muitos consideram fundadora da literatura inglesa convoque para dar voz às suas personagens míticas, "Beowulf" é uma manta de retalhos esquizofrénica que ora quer ser levado a sério como épico moral ora se contenta com a sofisticação digital dos seus visuais pensados para parque de diversões.

Explicando melhor: "Beowulf" é a segunda empreitada de Robert Zemeckis na animação digital fotorrealista depois de "Polar Express", capturando os movimentos e expressões faciais dos seus actores para recriar as suas "performances" em animação. Daí que passe por vezes a ilusão de estarmos a ver Anthony Hopkins, Angelina Jolie ou Ray Winstone - mas é sol de pouca dura, rapidamente as personagens recuperam a sua vocação de clones rígidos e angulares que nunca conseguem convencer enquanto seres humanos. E esse artificialismo é fatal às ambições do guião de Neil Gaiman e Roger Avary, que reinventa a história do heróico guerreiro nórdico Beowulf (a única saga poética a sobreviver dos velhos tempos anglo-saxões) como uma complexa teia de ambição e orgulho humanos.

Precisamente por isso, depois dos resultados obtidos pela inserção de actores reais em cenários artificiais por Robert Rodriguez em "A Cidade do Pecado" ou Zack Snyder em "300", o realizador de "Quem Tramou Roger Rabbit?" corre o risco de estar a apostar no cavalo errado - é a ausência do elemento humano que dá cabo de "Beowulf". Ou, dito de outra maneira: a saga original pode ter sido uma das influências maiores de J. R. R. Tolkien mas o filme de Robert Zemeckis, por tecnicamente notável que seja, não chega aos calcanhares da trilogia de Peter Jackson.

Jorge Mourinha

Saturday, 17 November 2007

Gangster Americano

Gostei do retrato de época mas perde ritmo no meio.
Gostei do Denzel Washington, Russel Crowe não entusiasmou.

Título original: American Gangster
De: Ridley Scott
Com: Denzel Washington, Russell Crowe, Chiwetel Ejiofor
Género: Dra, Thr
Classificação: M/16

EUA, 2007, Cores, 157 min.

Ninguém costumava reparar em Frank Lucas (Denzel Washington), o discreto motorista negro de um dos principais chefes do crime organizado em Harlem. Mas quando o chefe morre subitamente Frank aproveita o lugar vazio para construir o seu próprio império e edificar a sua visão muito própria do sonho americano. Através do engenho e de uma ética rigorosa de negócio, Lucas começa a liderar o tráfico de droga na cidade, inundando as ruas com um produto mais puro e a melhor preço. Lucas derruba os principais líderes do crime e torna-se não só um dos maiores fornecedores da cidade, mas também parte do seu círculo de estrelas.
Richie Roberts (Russell Crowe) é um polícia marginalizado, suficientemente próximo das ruas para pressentir uma mudança no controlo da droga no submundo. Roberts acredita que alguém está a suplantar as mais conhecidas famílias da máfia e começa a suspeitar de Lucas. Mas Ritchie e Lucas têm vários pontos em comum: ambos partilham um rigoroso código de ética que os afasta dos seus pares e os transforma em figuras solitárias, em lados opostos da lei.
Os seus destinos ficarão cruzados à medida que o confronto entre os dois se torna eminente, um confronto do qual apenas um pode sair vencedor. In PUBLICO

Crítica:

No cinema americano é, definitivamente, tempo de olhar para os anos 70. "Gangster Americano" é mais uma "period piece", mais um filme de época onde a reconstituição dos "seventies" os investe de um atributo simbólico especial - uma charneira, o fim de um tempo e o princípio de outro, e o breve e ligeiramente caótico "mundo de possibilidades" que os medeia.

Podemos supôr que isto seja um produto da época política, e que talvez Hollywood tenha saudades do breve reinado "liberal" nos anos 70; ou então, simplesmente, alguém olhou para trás e reparou como são hoje diferentes as cidades americanas (em "Gangster Americano" vê-se que deve dar uma certa trabalheira filmar a Nova Iorque de hoje e fazê-la passar pela de 70).

Seja lá como fôr, essa breve desordem é aqui representada pela história de Frank Lucas, "gangster" do Harlem, negro, que por uma mistura de inteligência, violência e sentido de oportunidade (neste aspecto era um clássico, são as três qualidades básicas do mafioso bem-sucedido) revolucionou o tráfico de droga nas ruas de Nova Iorque, dando cabo do negócio aos seus tradicionais praticantes (os padrinhos italianos).

Qualquer coisa de novo e revolucionário: por várias vezes no filme se ouve gente a dizer que era "impossível" um negro tornar-se no mais poderoso mafioso da cidade. Em paralelo com a história de Lucas (interpretado por Denzel Washington em registo "bigger than life" forçadíssimo, cabotino como até aqui nunca foi), "Gangster Americano" segue a história do polícia que lhe dá caça, Russell Crowe, indivíduo ele próprio "desordenado" (tem a vida pessoal em fanicos) que como dificuldade suplementar na sua missão encontra ainda a profunda desordem instalada na polícia nova-iorquina - meter Lucas na prisão será também uma maneira de limpar a corrupção na polícia (a acreditar nas legendas finais, uma impressionante percentagem de polícias estava "feita" com os mais diversos bandidos).

Esta espreitadela histórica, com muita informação e (algum) ambiente, é quase tudo o que é interessante em "Gangster Americano". A fama de Ridley Scott, que tem carradas de péssimos filmes no currículo, é um dos mistérios do cinema contemporâneo - e "Gangster Americano" é, como nos melhores filmes de Ridley Scott, um filme do "art director" e do montador.

Ideias zero para além dos "clichés" - pela milésima vez a história do mafioso que constrói um império a partir do nada é filmada como reflexo (nem por isso muito distorcido) do inevitável "sonho americano", acompanhadas (uma série de referências a Martin Luther King metidas um bocado a martelo) por uma integração da saga de Lucas no impulso gerado pela espécie de libertação social dos negros nos anos 60. São as ideias do argumento (onde colaboraram Steven Zaillian e Terry George). Scott não acrescenta nada - até perde as personagens: Denzel é um boneco, Crowe nem boneco é, não existe para lá da função utilitária da personagem (que patéticas são as menções ao seu caos pessoal, como se adiantassem ou atrasassem alguma coisa). Acabamos por achar mais interessantes (mais rápidas e mais sintéticas) algumas das personagens secundárias: o mafioso amigo de infância de Crowe, ou um inacreditavelmente oleoso polícia corrupto.

O que é que mantém isto de pé? A eficácia da reconstituição histórica, uma Nova Iorque suja e pré-giulianesca; e uma montagem, certamente cega e um pouco trituradora (certas cenas parecem sufocadas) que sacrifica a respiração ao ritmo mas que o faz com coerência (embora não salve os dez minutos finais de parecerem um apêndice só para "arrumar" a história). De certa forma, "Gangster Americano" é um filme muito parecido com o "Estranha em Mim" de Neil Jordan: eficácia industrial, e um certa inteligência funcional - mas total deserto de ideias estilistico ou conceptual.

Luis Miguel Oliveira

Furnas

Rua das Furnas - Ericeira
Tel. 261 864 870
Fecha Segundas, Reserva recomendada


Para repetir com gosto ...
Localização extraordinária especialmente em dias em que o mar mostra a sua força nas rochas. Excelente local para saborear peixe fresco escolhido à entrada. A aparente simplicidade da comida não se reflecte na conta que se ressente dos 48€/Kg. O serviço cumpre os propósitos se bem que a recepção pudesse ser mais cuidada. Sala agradável e pouco barulhenta.

Comida

Produtos de excelente qualidade

Produtos de excelente qualidade

Preço

€€

16 a 31 Euros

Ambiente

Localização excelente sobre o mar

Serviço

qb

Se procura uma esplanada agradável ou, mais do que isso, um ponto privilegiado para ver o mar, então chegou ao sítio certo. Ocupa as cavidades rochosas com o mesmo nome, no centro da vila, há mais de 20 anos. No entanto, a remodelação de que foi alvo em 2004 conferiu-lhe um aspecto moderno e despretensioso. Na decoração alusiva ao interior de uma embarcação, predominam as madeiras e o vidro, que deixam (quase) imaculada a paisagem. Dos pitéus que aqui se podem degustar, só peixe e marisco, claro está, salienta-se a cataplana. In lifeCooler


Localização:


Nosso menu:

  • Pão de lenha, tostas com paté de Sapateira
  • Ameijoas à "Bulhão Pato"
  • Linguado e Dourada do mar grelhados com batata nova
  • Taça de gelado "Branco e Negro"
  • Vinho verde branco


Crítica:

Na zona das Furnas, na Ericeira, a proximidade com o Atlântico tornou os rochedos colossais em seres adamastorianos. Isto de noite, porque de dia, as cavidades rochosas costumam atrair banhistas que parecem esquecer o facto de aqui não haver areia, para procurarem nas rochas, cura para as maleitas do corpo.

No que toca às furnas, o dicionário esclarece quanto às origens desta palavra curiosa. A tal água quente proveniente do interior da terra parece ter secado, mas ficou o nome e a memória dos mais velhos de uma zona que era de banhos quentes, ali a escassos metros do mar.

Naquela zona fica hoje um restaurante de linhas depuradas. Ao peixe fresco proveniente do oceano, juntarmos uma localização sobranceira ao mar da Ericeira e temos a Esplanada Furnas.

Os olhos também comem

Este restaurante foi totalmente remodelado há cerca de dois anos e meio, embora já exista há mais de uma vintena e nas mãos destes proprietários há uma década.

Compraram os actuais donos uma velha caravela com o objectivo de lhe retirarem o miolo e com ele decorarem o restaurante. À embarcação, ou melhor, ao restaurante, não falta nada. Vigias, lemes, escotilhas e outros objectos do imaginário náutico estão aqui bem presentes.

Água à vista

Para se ir a este restaurante há que tomar uma decisão. Ou se fica na esplanada, abrigados dos ventos por uma das paredes do próprio restaurante, ou no interior, onde as vidraças deixam à vista a proximidade com o mar. De Verão então, a simples visão do Atlântico funciona como um refresco. Quando chega a hora de sentar à mesa é, quase invariavelmente, peixe que apetece. E quem diz peixe diz marisco.

De um ou de outro, os da Ericeira percebem bem. Aqui no Furnas não há segredos de maior. O peixe não vem de viveiros, mas sim do mar, é variado e de grande qualidade e frescura.

Mar no prato

À entrada damos logo de caras com ele. É aliás, nesta altura que se deve escolher o que se pretende. Linguado, goraz, sargo, pregado e salmonete, entre outros estão ali à vista, num sistema de refrigeração que os conserva frescos antes de chegarem ao prato. Quase que nem é preciso levantarmos os olhos para ficar a saber o que está escrito no quadro a giz.

E deixa-se logo de parte, outras ideias que não sejam o peixe grelhado. Bom, ao sal também é uma hipótese. Caldeirada e cataplana nem sempre. De proveniência algarvia, este último prato o prato difundiu-se por toda a costa, mas reclama certo tipo de peixes e uma forma diferente de os trabalhar.

A grelha encontra-se no mesmo espaço e está à vista, como que a realçar a sua importância e da mestria de quem maneja o carvão. Os mariscos e bivalves ainda estão vivos no aquário também à entrada. Daqui podem sair amêijoas, lagostas...

Doce final

Mas como cada regra tem sempre uma excepção, aqui também há sugestões de carne. Na carta de vinhos há consagradas de peso que acompanham qualquer gosto.

As sobremesas são comuns, indo algum destaque apenas para a tarte de maçã com gelado, e de receita trazida do outro lado do Atlântico, de onde regressaram os actuais donos.

No final, na altura de olhar para a conta, e com esta qualidade, o preço pode revelar-se apenas um pormenor.

Paula Oliveira Silva


Outros links:

Thursday, 15 November 2007

A estranha em mim

Gostei. Jodie Foster muito bem. Uma Nova York fascinante com sequências de luz muito bela.

Título original: The Brave One
De: Neil Jordan
Com: Jodie Foster, Terrence Howard, Nicky Katt
Género: Dra, Thr
Classificação: M/16

Austrália/EUA, 2007, Cores, 119 mi

Erica Bain (Jodie Foster) é locutora de uma rádio de Nova Iorque. Está noiva de David e sente-se feliz. A sua felicidade vai-lhe ser roubada numa noite em que, numa fracção de segundos, o seu noivo é assassinado e ela fica gravemente ferida. Erica cura-se lentamente das suas feridas mas não consegue recuperar da perda de David. Os locais mais familiares de Nova Iorque, que ela amava, tornaram-se-lhe hostis e provocam-lhe ataques de ansiedade. Incapaz de ultrapassar o que aconteceu, Erica resolve agir contra o medo que sente e contra as pessoas que lhe roubaram a vida. Começa a patrulhar as ruas, compra uma arma e, em legítima defesa, acaba por começar a fazer justiça pelas próprias mãos. A cidade vai acompanhando com fascínio e perplexidade os crimes desta justiceira, mas Erica enfrentará um dilema: estará a sua sede de vingança a torná-la igual àqueles que odeia?
In PÚBLICO

Crítica:
Jodie Foster de pistola em punho a matar os bandidos que percorrem Nova Iorque em busca de vingança pelo namorado perfeito que três rufias mataram no Central Park? Jodie Foster a fazer de Charles Bronson de saias e a tomar a justiça nas suas próprias mãos?

A premissa começa por causar estranheza. No entanto, convém olhar para lá da superfície que dá a entender estar aqui um "thriller" de vigilantes e perceber que uma das grandes actrizes americanas da actualidade e o irlandês Neil Jordan construiram um conto de fadas escuro sobre a culpa e a redenção, reflectindo o estado de espírito da América pós-11 de Setembro.

Não é surpresa para quem conhecer a obra de Jordan que o realizador e romancista irlandês tem andado a olhar para realidades transfiguradas através do olhar de personagens que se sentem "fora" do mundo real. "A Estranha em Mim" introduz essa vertente onírica num "thriller" de narrativa mais tradicional sob a forma de uma viagem ao lado escuro de nós próprios. Erica Bain, uma locutora de rádio que regista no seu programa os sons de uma Nova Iorque cuja personalidade ela sente estar a perder-se por entre o progresso, passeia o cão com o noivo pelo Central Park uma noite quando são atacados por três rufias que o matam a ele e a deixam a ela em coma. Alice atravessou o espelho e o que se segue é o registo das suas aventuras do outro lado de si própria.

"A Estranha em Mim" é o percurso de Erica descobrindo o monstro escondido dentro de si e perguntando-se se valerá a pena deixá-lo à solta: a arma que compra no mercado negro para protecção, confere-lhe o poder de combater o fogo com o fogo, de se substituir à polícia manietada pela lei e castigar os maus que passam pelos buracos da rede legal. Mas é também o percurso do seu questionamento moral à medida que Erica vai ganhando confiança e começa a sentir-se invulnerável - e Foster que é uma das mais extraordinárias actrizes em actividade hoje em dia, não perde oportunidade de explorar o dilema que consome Erica por dentro, sem julgar, apenas trazendo ao de cima a vulnerabilidade e a humanidade de uma mulher que viu o seu mundo desintegrado e procura adaptar-se a uma nova realidade.

Juntos, Foster e Jordan constroem um thriller formalmente elegante que questiona a própria natureza do sub-género ao mesmo tempo que à superfície adere às suas regras. O certo é que, quando Erica Bain atravessa o espelho na direcção oposta no final do filme, não podemos ter a certeza se o monstro que acordou dentro dela foi expulso ou está apenas adormecido - mesmo que uma sequela seja profundamente improvável.

Jorge Mourinha

Sunday, 11 November 2007

A invasão

Fraco. Não traz nada de novo. A sequência cronológica é alucinante.

Título original: The Invasion
De: Oliver Hirschbiegel
Com: Nicole Kidman, Daniel Craig, Jeremy Northam
Género: FC, Thr
Classificação: M/12

EUA, 2007, Cores, 99 min.

Uma uma nave espacial despenha-se misteriosamente e pouco tempo depois percebe-se que há uma força extraterrestre entre os destroços. Todos aqueles que entram em contacto com ela, modificam-se de forma sinistra e inexplicável. Carol Bennel (Nicole Kidman), psiquiatra, e o seu colega Ben Driscoll (Daniel Craig) não tardam em perceber que esta epidemia extraterrestre ataca as suas vítimas enquanto dormem, deixando-as fisicamente na mesma mas completamente insensíveis e desumanas. À medida que a epidemia alastra, torna-se impossível saber em quem confiar. E a única esperança de Carol é manter-se acordada enquanto procura o seu filho, que pode encerrar a solução para esta devastadora invasão.
In PÚBLICO

Crítica:
Só vale a pena refazer um filme, quando o "remake" traz alguma coisa de novo, um diferente ponto de vista, ou, como no caso ilustre de "Psico" de Gus Van Sant, se "repinta" o original, revelando o essencial e homenageando o clássico. "A Invasão", quarta versão de um romance da Guerra-Fria, que dera uma obra-prima da Ficção Científica, "The Invasion of the Body Snatchers" (Don Siegel, 1956), não tem nada que a recomende: desperdiça energia e um elenco de estrelas (Nicole Kidman, Daniel "Bond" Craig ou Jeremy Northam); falha a lógica do romance, não conseguindo dar-lhe sentido, fora do contexto que o gerou; espelha um desconchavo narrativo, fruto das muitas refilmagens e das muitas mãos que o "trabalharam".

Mário Jorge Torres


É a quarta adaptação ao cinema da novela de Jack Finney sobre um organismo extra-terrestre que substitui os seres humanos por clones frios e sem emoções - e, tal como as três anteriores ("A Terra em Perigo", Don Siegel, 1956; "A Invasão dos Violadores", Philip Kaufman, 1978; "Violadores - A Invasão Continua", Abel Ferrara, 1993), é representativa do cinema que se faz hoje em Hollywood, só que neste caso pelas piores razões.

"A Invasão" está creditado ao realizador alemão Oliver Hirschbiegel ("A Queda", 2003) e ao argumentista David Kajganich, mas pelo menos um terço do filme foi refeito por James McTeigue sob a batuta dos irmãos Wachowski depois do estúdio se ter mostrado descontente com a versão de Hirschbiegel (que, ao que consta, carregava grosso na alegoria política). E isso sente-se no que arranca como um thriller paranóico alerta e eficaz, à medida que uma psicanalista de Washington começa a desconfiar que algo não está bem à sua volta, para descambar numa banalíssima fita de acção, correcta mas sem alma, com perseguições e tiros que parecem colados com cuspo.

Pelo meio, há "flashes" de um bom filme afogado pelo meio da confusão - é uma óptima ideia pôr uma psicanalista que receita anti-depressivos como "último reduto" da humanidade emocional, com o alastramento do organismo a trazer ao planeta a paz, e a paz de espírito, que os governos "humanos" nunca conseguiram, mesmo que depois a coisa descambe. O DVD há-de trazer a versão original de Hirschbiegel; para já, temos de nos contentar com o clone anónimo e impessoal que tomou o seu lugar.

Jorge Mourinha

Thursday, 8 November 2007

Elisabeth: A idade de ouro

Desilusão.
A corte parece um carnaval esquizofrénico. Visão histórica no mínimo singular, mas que motivo podem ter os Ingleses para se orgulharem deste episodio quando se limitaram a beliscar "la Armada". A imagem de que os marinheiros espanhóis (e uma boa parte portugueses) não tinham estômago para aguentar os mares do canal é de rir.

Título original: Elizabeth: the Golden Age
De: Shekhar Kapur
Com: Cate Blanchett, Geoffrey Rush, Jordi Mollà, Samantha Morton
Género: Dra
Classificacao: M/12

FRA/GB, 2007, Cores, 114 min.

Depois do sucesso de "Elizabeth", Cate Blanchett regressa no papel da implacável "Rainha Virgem" que sobe ao trono depois da morte da irmã. A meio do seu reinado, a rainha terá de enfrentar o poder da religião e a traição. O rei de Espanha está determinado a desafiar o seu poder com o objectivo de restabelecer o catolicismo em Inglaterra e Elizabeth prepara-se para a guerra. Mas ao mesmo tempo tem de equilibrar os seus deveres reais com uma paixão proibida, sir Walter Raleigh (Clive Owen). Além disso, depressa se apercebe que os seus inimigos não residem apenas no exterior. Internamente, a rainha terá de lidar com as tentativas de traição das pessoas que lhe estão mais próximas.
In PÚBLICO

Crítica:

Depois de ter encarnado a rainha Isabel I, enquanto jovem, Cate Blanchett embarca numa espécie de sequela, sobretudo centrada no episódio da Armada Invencível, com aquela incapacidade que os anglo-saxónicos têm de ver a História, para além do seu próprio umbigo.

Restava ao filme a vontade de ficcionar sobre os amores e sobre o carisma e encenação da pompa real. Ora, desse ponto de vista, estamos conversados: sensaboria total; uma Cate Blanchett cabotina e sonâmbula a fingir de "grande estrela"; um guarda-roupa luxuriante, que abafa qualquer hipótese de composição dramática. Que saudades este filme nos dá dos retratos de Bette Davis (sobretudo em "A Rainha Virgem", velha e de peruca), que, ao menos, assumia com total frontalidade a falsidade da representação.

Mário Jorge Torres

Nominalmente, "Elizabeth - A Idade de Ouro" é a "sequela" de "Elizabeth" (1998), onde Cate Blanchett encarnava a soberana inglesa Isabel I nos seus primeiros anos de reinado.

Este novo filme traça a entrada de Isabel I na "idade de ouro" do seu reinado, com a morte da pretendente católica ao trono inglês, Mary Stuart, e a derrota da Invencível Armada espanhola, mas qualquer semelhança entre "Elizabeth - A Idade de Ouro" e o filme de 1998, apesar de ambos terem sido dirigidos por Shekhar Kapur e de partilharem grande parte do elenco, é mera coincidência.

Onde "Elizabeth" era sombrio, claustrofóbico, brutal na sua abordagem da história como uma constante luta de poder, agora temos uma extravagância vistosa e histriónica sobre Isabel como uma diva esquizofrénica que se ressente de não poder ser uma mulher realizada, digna dos velhos filmes "históricos" de Hollywood com Bette Davis ou Joan Crawford.

Os primeiros minutos enganam: dão a entender que este é um filme sério. Depois, a coisa descamba: narrativa aos saltos, personagens que só estão lá porque sim (pobre Samantha Morton, duas cenas como Mary Stuart e hop, cortam-lhe a cabeça - nem valia a pena ter-se dado ao trabalho), actores à toa e um indescritível histerismo visual que passa o filme a dizer "olhem que bem que filmamos" em vez de se preocupar com coisas tão básicas como contar uma história ou criar personagens. "Elizabeth - A Idade de Ouro" há-de ser um filme de culto, mas pelas razões erradas: é tão inexplicavelmente mau que só na desportiva se consegue levar.

Jorge Mourinha