Sunday, 11 November 2007

A invasão

Fraco. Não traz nada de novo. A sequência cronológica é alucinante.

Título original: The Invasion
De: Oliver Hirschbiegel
Com: Nicole Kidman, Daniel Craig, Jeremy Northam
Género: FC, Thr
Classificação: M/12

EUA, 2007, Cores, 99 min.

Uma uma nave espacial despenha-se misteriosamente e pouco tempo depois percebe-se que há uma força extraterrestre entre os destroços. Todos aqueles que entram em contacto com ela, modificam-se de forma sinistra e inexplicável. Carol Bennel (Nicole Kidman), psiquiatra, e o seu colega Ben Driscoll (Daniel Craig) não tardam em perceber que esta epidemia extraterrestre ataca as suas vítimas enquanto dormem, deixando-as fisicamente na mesma mas completamente insensíveis e desumanas. À medida que a epidemia alastra, torna-se impossível saber em quem confiar. E a única esperança de Carol é manter-se acordada enquanto procura o seu filho, que pode encerrar a solução para esta devastadora invasão.
In PÚBLICO

Crítica:
Só vale a pena refazer um filme, quando o "remake" traz alguma coisa de novo, um diferente ponto de vista, ou, como no caso ilustre de "Psico" de Gus Van Sant, se "repinta" o original, revelando o essencial e homenageando o clássico. "A Invasão", quarta versão de um romance da Guerra-Fria, que dera uma obra-prima da Ficção Científica, "The Invasion of the Body Snatchers" (Don Siegel, 1956), não tem nada que a recomende: desperdiça energia e um elenco de estrelas (Nicole Kidman, Daniel "Bond" Craig ou Jeremy Northam); falha a lógica do romance, não conseguindo dar-lhe sentido, fora do contexto que o gerou; espelha um desconchavo narrativo, fruto das muitas refilmagens e das muitas mãos que o "trabalharam".

Mário Jorge Torres


É a quarta adaptação ao cinema da novela de Jack Finney sobre um organismo extra-terrestre que substitui os seres humanos por clones frios e sem emoções - e, tal como as três anteriores ("A Terra em Perigo", Don Siegel, 1956; "A Invasão dos Violadores", Philip Kaufman, 1978; "Violadores - A Invasão Continua", Abel Ferrara, 1993), é representativa do cinema que se faz hoje em Hollywood, só que neste caso pelas piores razões.

"A Invasão" está creditado ao realizador alemão Oliver Hirschbiegel ("A Queda", 2003) e ao argumentista David Kajganich, mas pelo menos um terço do filme foi refeito por James McTeigue sob a batuta dos irmãos Wachowski depois do estúdio se ter mostrado descontente com a versão de Hirschbiegel (que, ao que consta, carregava grosso na alegoria política). E isso sente-se no que arranca como um thriller paranóico alerta e eficaz, à medida que uma psicanalista de Washington começa a desconfiar que algo não está bem à sua volta, para descambar numa banalíssima fita de acção, correcta mas sem alma, com perseguições e tiros que parecem colados com cuspo.

Pelo meio, há "flashes" de um bom filme afogado pelo meio da confusão - é uma óptima ideia pôr uma psicanalista que receita anti-depressivos como "último reduto" da humanidade emocional, com o alastramento do organismo a trazer ao planeta a paz, e a paz de espírito, que os governos "humanos" nunca conseguiram, mesmo que depois a coisa descambe. O DVD há-de trazer a versão original de Hirschbiegel; para já, temos de nos contentar com o clone anónimo e impessoal que tomou o seu lugar.

Jorge Mourinha

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