Saturday, 24 November 2007

África acima

de Gonçalo Cadilhe
Oficina do Livro 2007

Acabei de ler este mágnifico livro que recolhe crónicas semanais que Gonçalo Cadilhe publicou no EXPRESSO durante vários meses. É, no fundo, um relato de uma viagem de oito meses em que o jornalista percorreu 27 mil quilómetros através de África, viajando desde o Cabo da Boa Esperança, no Sul, até ao Estreito de Gibraltar, no Norte.
Aconselho vivamente.

Como é seu hábito, Gonçalo Cadilhe recusou o transporte aéreo. Em autocarros e comboios, em balsas e bicicletas de ocasião, à boleia em camiões ou a pé com a mochila às costas, o viajante atravessou África desde o cabo da Boa Esperança, no extremo Sul, até ao Estreito de Gibraltar, no extremo Norte.
Oito meses, quinze países, 27 000 quilómetros e 50 000 palavras resultaram num livro sincero e deslumbrado, em que as amizades, o humor, a tolerância e a humildade conseguem vencer a miséria, a corrupção, as estradas desfeitas e o calor brutal de uma viagem épica por um continente impressionante. Na sua mais recente viagem, Gonçalo Cadilhe redescobre a magia e os mistérios de uma África que continua a fascinar os grandes viajantes.

Extratos:
A península do Cabo da Boa Esperança (...). Aqui teve origem Portugal, penso. Não aquele dos portugueses, mas o país do resto do mundo. Se não fora por este Adamastor por fim domado, o que nos faria aparecer no percurso comum da humanidade? Que espaço nos seria dedicado na enciclopédia? Quantas linhas, que assunto, nos livros de história? Uma nota de pé de página sobre a pesca do bacalhau?

É este o meu projecto: atravessar África. Prosseguir do Sul para o Norte utilizando as estradas do continente, recorrendo aos transportes públicos, aos autocarros maltratados pelos anos, aos comboios que ainda andam, pedindo boleia, viajando com as pessoas da terra - em terra onde estiver, farei como vir. Excluo o transporte aéreo, voar sobre África não é viajar por África. Aliás, voar não é viajar

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