Mais um passeio até aos Picos de Europa. O plano incluía 5 dias inteiros de caminhada, sendo um dos mais ambiciosos até este momento a este nível. Totalmente voltado para as caminhadas estávamos completamente dependentes das condições meteorológicas o que se veio a tornar o factor mais limitador.
O tempo não ajudou mas completámos cerca de 50% dos nossos objectivos.
Dia 1 (06-06-2008) 576 km(s), 44 litro(s), 108.3 km/h Lisboa(PT) . Fundao(PT) |
Por volta da meia-noite chegámos ao Hotel “la Colina” em plena “autovia” já quase em Valladolid. Este hotel é uma espécie de Íbis de auto-estrada, o nível de qualidade é baixo, e caro para as condições, mas encontra-se num ponto estratégico para as nossas saídas ao fim da tarde para o norte de Espanha. Escusado será dizer que não tem elevador e ficámos alojados no 2º andar.
A23 |
Dia 2 (07-06-2008) 326 km(s), 23 litro(s), 83.9 km/h Salamanca(ES) . Geira, Valladolid(ES) . Riano(ES) . Cain(ES) . Puerto Pandetrave(ES) . Puerto San Glorio(ES) . Collado Llembes(ES) . Cosgaya(ES) |
Jantámos no restaurante do hotel, não foi grande coisa, a comida gordurosa demais para o que estou habituado por estas bandas, depois fui apoiar Portugal na sua vitória contra a Turquia acompanhado de um “xupito” de Orujo. Gritei 2 vezes golo e foi muito satisfeito que subi para o merecido descanso.
La Colina | ||
Cain - Canal Dobressiegos | ||
Chorco del Lobo | ||
Hotel Cosgaya | ||
Hotel Cosgaya |
Dia 3 (08-06-2008) 20 km(s), 1 litro(s), 82.1 km/h Fuente De(ES) . Aliva(ES) . Cosgaya(ES) |
Passados alguns minutos o tecto de nuvens fechou completamente e perdemos toda a visibilidade acima de meia encosta, as condições iam de mal a pior e todo e qualquer plano para os pontos mais altos parecia uma loucura, foi com um coração desolado que ficámos à chuva a ver parede íngreme desaparecer alguns metros acima de nós. No entanto era o primeiro dia e não queríamos desistir, a previsão indicava abertas para a tarde, decidimos beber um café e esperar um pouco por uma melhoria e empreender uma arriscada subida da parede e esperar que chegados ao topo o tempo tivesse melhorado. A subida pelo “canal de la Jenduda”, tornava-se arriscada pelo tempo, se fossemos apanhados a meia encosta por uma nuvem mais densa teríamos de esperar enquanto a visibilidade não melhora-se, além disso o trilho é pouco marcado e não é recomendado em nenhum guia. Foi com estas dúvidas que 30 minutos volvidos iniciámos a longa subida, alguns minutos volvidos deixámos à nossa esquerda os “Tornos de Liordes” a árdua subida para a “vega de Liordes”, continuando a circundar a encosta em 30 minutos estávamos sobre a cascata quase por debaixo do cabo do teleférico. Neste ponto descansámos um pouco. A chuva finalmente parou se bem que as nuvens não levantaram mas pelo menos daqui para a frente continuámos secos. Numa aberta conseguimos vislumbrar o nosso destino, lá muito em cima um canal de calhau rolado que aparecia entre duas paredes verticais com mais de 200 metros de altura e separadas por pouco mais de 10 metros. Para lá chegar tivemos de superar a parte mais difícil para mim, uma longa encosta cheia de lama e plantas, do trilho já inexistente só sobravam um ou outro “hito” e o canal formado pelas águas que se dirigia directamente à entrada da garganta. A inclinação e a lama tornaram esta subida extremamente árdua e não foram poucas as vezes que questionámos a sanidade da situação, 45 minutos depois finalmente a entrada do canal, a partir daqui o caminho ladeado por duas muralhas não deixava qualquer margem para enganos. Foi com algum alívio que ouvimos o familiar restolhar de pedra e passados alguns minutos um grupo de 6 provenientes do topo cruzou-se connosco. Com alguma dificuldade de equilíbrio devido à forte pendente lá nos asseguraram que o caminho era praticável e que já não faltava muito, só mais 45 minutos, mais coisa menos coisa, de uma encosta inclinadíssima de calhau rolado. Dei graças por estar a subir, se viesse no sentido oposto o risco de uma queda era elevadíssimo. Após uma ou outra escalada de gatas e um ponto onde uma corda possibilita a passagem de uma grande pedra demos por nós numa situação limite, neste ponto já era praticamente impensável voltar, por cima de nós as íngremes paredes desapareciam num manto cada vez mais claro, por baixo um nevoeiro cinzento envolvia a entrada do canal, o silêncio absoluto, estávamos sozinhos … um passo de cada vez. A ignorância da nossa posição era total, não tínhamos ideia de quanto faltava até ao topo e o abismo por trás de nós estava, felizmente, oculto. Com muito cuidado para não soltarmos pedras que pudessem aleijar o outro, subimos à vez com reuniões para descanso frequentes, incrivelmente apesar da extrema inclinação e distância foi talvez das subidas que menos me custaram, a adrenalina deve ter ajudado. Conforme indicado 1 hora após entrada no canal atingimos os “Hoyos de Llorosa” e um pouco depois o planalto acima da encosta, conseguimos. Os picos mais altos estavam envolvidos por um manto alto e abaixo da nossa cota já tudo era domínio do nevoeiro, estávamos no mundo entre as nuvens, mesmo assim ainda vislumbrei a impressionante muralha do maciço central, desde a “Peña Olvidada”, “Peña Vieja”, “Picos de Santa Ana”, “Torre dos Horcados Rojos”, o collado dos Horcados e o cónico “Pico Tesorero” coberto de neve. Lá muito em cima fica a cabana Verónica, objectivo para outro dia.
Decidimos ir aquecer e comer qualquer coisa à estação superior do teleférico, estrutura precariamente equilibrada sobre o abismo nebuloso. A sala de refeições da estação de teleférico qual bóia de salvação no meio da tormenta, apresentava um conjunto eclético de personagens, desde o turista de sapatinho leve em busca de vistas desaparecidas até escaladores de gelo hard-core a retemperar forças. Enquanto comíamos a nossa ração analisámos as nossas opções: 1. Dávamos por terminado o dia e apanhávamos o teleférico para baixo (+-10min) 2. Avançávamos até ao “Hotel-Refugio de Áliva” e daí até Espiñama (+-3h). Apesar de o vento parecer estar a levantar desbaratando todos os, poucos, corajosos que tentavam tirar fotografias no mirador, optámos pela segunda alternativa e mochila às costas lá voltámos para o frio. Ao chegarmos à “Horcadina de Covarrobres”, ponto de passagem para o vale de Áliva o vento amainou e lá para norte um indício de azul fazia crer que o resto da excursão seria ao sol. Neste ponto sob a maciça “Peña Olvidada” a vista era fenomenal, um imenso vale verdejante, sob um carregado céu de chumbo, raios de sol quebravam as nuvens iluminando selectivamente pontos da paisagem, ao fundo o Maciço Oriental apresentava-se como uma muralha intransponível, rodeado de verde do vale o pico de Juan Toribo ergue-se solitário. Descemos sem sobressaltos até ao “Chalet Real”, antigo refúgio de caça de Afonso XIII, e daí ao Hotel de Áliva. A imagem do “Chalet Real” com o paredão da “Peña Vieja” em fundo é uma das mais belas dos Picos. No Hotel tomámos um café e enfrentámos as 2h30 e 900 metros de desnível que ainda nos faltavam. Neste ponto o trilho percorre o estradão que os 4x4 percorrem para acederem desde Espiñama, através das pastagens de altitude com imenso gado ovino, caprino e bovino, bem como muitos cavalos que aproveitam este recanto bucólico e fértil. O sol finalmente brilhava num céu límpido, uma brisa fresca fazia-se sentir. Alguns km volvidos, chegámos ás “Portillas del Boquejón”, uma garganta apertada que marca a separação entre o vale e a encosta para Espiñama. A partir daqui o trilho ganha inclinação e os últimos km são percorridos numa descida contínua que martiriza os nossos joelhos já exaustos. Passa-se pelos “Invernales de Iguedri” e depois uma longa estrada arborizada sempre sob a vista imponente do “Pico de Valdecoro” leva-nos até Espiñama já na estrada de acesso a “Fuente Dé”, lá longe do outro lado do vale “El Coriscao” ainda retinha algumas nuvens. Chegados à estrada nacional parámos e telefonámos ao táxi do hotel para nos levar de volta ao carro. Durante a viagem de táxi contámos as nossas aventuras do dia ao que o taxista espantado afirmou que tínhamos intuitos suicidas por termos arriscado o “canal da Jenduda”.
“Canal de la Jenduda? Hoy? Quien tuve la ideia?”
“Ela”
“Te quer matar” avisou-me ele com um piscar de olho.
Eram 19h e estávamos de volta a “Fuente Dé”, agora o céu limpo e toda a imensa parede visível, lá em cima, muito em cima, uma nesga negra indicava o canal … bolas, pensei.
Á noite arrastámo-nos até ao restaurante da “casona” de Cosgaya o hotel ao lado do nosso. O Restaurante “Urogallo” é simplesmente um dos melhores que já comi em Espanha e regalei-me com um menu de degustação dos deuses. O dia foi longo, tempo de dormir.
FD-Jenduda-Cable | ||
Cable-Aliva-Espinama | ||
Hotel Cosgaya |
Dia 4 (09-06-2008) 179 km(s), 10 litro(s), 82.1 km/h Potes(ES) . Sotama(ES) . Panes(ES) . Arenas de Cabrales(ES) |
A chuva continuava inclemente e pouco havia a fazer, prosseguimos viagem através do magnífico desfiladeiro de “la Hermida”, hoje não tão magnífico, e já do lado norte parámos em Panes no café “El Comportu” para umas tapas. Este café \ sidreria é um simpático recanto de um fanático da F1 e que serve umas tapas bem porreiras. Terminado o repasto, que fizemos por alongar, prosseguimos até à nossa base seguinte, “Arenas de Cabrales”. Fizemos check-in no hotel “Villa de Cabrales”, este hotel é muito simples e não oferece luxos, mas é limpíssimo, a família que gere simpaticíssima, a 2 passos do vale do Cares e com preço imbatível, adoramos o local e voltamos vezes sem conta. A tarde já ia avançada e a depressão era enorme, um dia inteiro sem dar uso às botas. Felizmente por volta das 18h o céu começou a desanuviar e podemos subir até Poncebos. Como já não conseguíamos iniciar nenhum percurso digno de nome, decidimos andar um pouco no trilho baixo do Cares a ver onde ia dar. Passado algum tempo o estradão dá lugar a um trilho escavado na rocha, em tudo semelhante ao trilho alguns metros mais acima, mas mais estreito e junto ao rio. Como já se fazia tarde não percorremos mais do que algumas centenas de metros, mas ficámos cheios de vontade de prosseguir.
Á noite fomos jantar ao café Santelmo e aproveitar para ver a bola, Itália-Holanda. Foi muito divertido ver um adepto holandês perder a compostura ao longo do jogo e dar largas à sua alegria, de maneira cada vez mais efusiva, à medida que a sua equipa dilatava a vantagem. No fim do jogo já parecia um autêntico espanhol, branco de leite e sandália com meia.
O dia terminou, foi um dia flop, de tal modo que nem uma fotografia tirei.
Casa PNPE | ||
El Comportu | ||
Cafe Santelmo | ||
Villa de Cabrales |
Dia 5 (10-06-2008) 58 km(s), 6 litro(s), 70.2 km/h Poncebos(ES) . Cangas Onis(ES) . Sotres(ES) . Arenas de Cabrales(ES) |
Passada a manhã nesta brincadeira e como o tempo não melhorava fomos passear até Cangas de Onis e despachar as compras clássicas, chocolates e os “orujos”. Depois das compras fomos experimentar um restaurante que nos tinham sugerido, “lo Molino de la Pedrera”. Abençoada sugestão, adorámos o sítio, tapas de autor num ambiente cinco estrelas com um serviço de eleição. Já a tarde ia avançada quando regressámos a Arenas. Ainda de cara feia o céu não animava mas mesmo assim decidimos tentar o trilho junto a Sotres para a Vega del Toro. Este percurso faz parte da grande Ruta de la Reconquista que descendo do “Pandebano” inicia para sul a travessia do vale em direcção aos “Portos de Áliva” e Espiñama, onde tínhamos estado dois dias antes. Quando iniciamos o percurso todos os cumes estavam cobertos mas lentamente à medida que nos aproximávamos da vega o céu azul começou a despontar ficando mesmo limpo quando lá chegámos cerca de 1 hora após. O trilho percorre o vale do rio Duje que divide o maciço central do oriental com maciças paredes de ambos os lados, a ¾ da distância com Áliva ficam as “Vegas del Toro”, pequeno aglomerado de apoio às actividades de pecuária, num amplo vale quase plano aninhado entre “El Escamelláu” e a “Peña Castil” a oeste e a impressionante parede da “Morra del Lechugalles” a Este. Após percorremos alguns metros mais passando algumas grutas usadas como currais e já à sombra de “El Escamelláu” demos por finalizada a expedição e retornámos ao carro.
Fomos jantar ao restaurante Café-Cares, com um serviço superior ao Santelmo mas cheio de excursões de ingleses, ainda prefiro a autenticidade do anterior.
Espero que o tempo melhore, a ver se amanhã conseguimos subir mais alto.
Cares baixo | ||
Molina la Pedrera | ||
Vegas del Toro | ||
Cafe Cares | ||
Villa de Cabrales |
Dia 6 (11-06-2008) 228 km(s), 17 litro(s), 65.1 km/h Bárrega(ES) . Barcena la Mayor(ES) . la Hermida(ES) . Urdon(ES) . Arenas de Cabrales(ES) |
La Franca | ||
Ruta Tresviso | ||
Cafe Santelmo | ||
Villa de Cabrales |
Dia 7 (12-06-2008) 63 km(s), 4 litro(s), 63.3 km/h Pandebano(ES) . Cangas de Onis(ES) . Narciandi(ES) |
Após uma dose maciça de açúcar em forma de marmelada para repor os níveis, fomos em busca de uma gasolineira para à precaução encher o depósito, as notícias dos bloqueios grevistas atingiam níveis alarmantes inclusive com mortos em confrontos policiais. Em Madrid os bens já escasseavam, pelas Astúrias tudo parecia mais calmo mas o seguro morreu de velho. Como previa não tivemos dificuldade em arranjar combustível e assim mais descansados deslocámo-nos para o nosso próximo pouso, Narciandi. Mesmo junto a Cangas de Onis a cerca de 800m da estrada nacional, este vilarejo é um sítio bucólico numa encosta virada a sul com as montanhas de Covadonga por quintal. Toda a terra é de traça rústica sendo os Orreos, celeiros sobre estacas, muito comuns. Ficámos alojados no “Balcón de los Picos” um pequeno Turismo Rural com uma vista de excelência. À nossa espera estava Fefi, a nossa anfitriã, que nos deu as boas vindas e nos fez a visita guiada à casa. Escolhemos um simpático quarto no sótão, que de mal só tinha os dois lanços de escada que tive de subir com a bagagem. Após uma merecida banhoca ainda tentei ver o resumo do jogo de Portugal do dia anterior mas 3 minutos depois de me ter deitado na cama já dormia profundamente. Uma hora depois já retemperado fomos até Cangas jantar, era noite de Santo António e por aqui também é o santo padroeiro, infelizmente não há sardinha nem fogueiras e muito menos ginginha, só uns carrosséis barulhentos e muito mais gente na rua. Jantámos no “Molino de la Pedrera” e voltámos para o quarto. À entrada fomos apanhados pela Fefi agora que nos apresentou o marido, também muito simpático, dois dedos de conversa depois desculpámo-nos com o cansaço e fomos dormir. Amanhã mirador de Ordiales, se as pernas deixarem.
Ref Urrielu | ||
Molina la Pedrera | ||
Balcon de los Picos |
Dia 8 (13-06-2008) 62 km(s), 5 litro(s), 61.2 km/h Covadonga(ES) . Cangas de Onis(ES) . Narciandi(ES) |
Bem atestados está na hora das montanhas. Como suspeitava à cota dos lagos de Covadonga o nevoeiro era cerrado, Ordiales estava fora de questão, em substituição fomos tentar o trilho para a vega de Orandi. Um pouco acima do santuário na estrada dos lagos fica este caminho em plena floresta que leva até Orandi onde o rio “las Mestas” desaparece numa gruta para surgir de novo na “Cueva Santa” no santuário 250 metros mais abaixo na encosta. Apesar do caminho prosseguir até Covadonga queríamos somente chegar ao prado descrito. Infelizmente o caminho estava impraticável, a lama e dejectos de gado acumulavam-se naquele caminho sombrio tornando a progressão muito escorregadia e cansativa, para não falar em porca. Não estávamos para isto e voltámos ao carro. Decidimos voltar aos lagos, talvez já tivesse mais liberto. No caminho parei no parque Cañavales. Numa curva da estrada este collado é cruzado pela ruta Frasinelli (investigador alemão do século XIX que imortalizou esta rota, por ser a que usava quando ia a banhos à serra) que sobe desde Corao até ao centro de interpretação Pedro Pidal junto ao lago Enol. Nunca tinha pensado neste trilho mas parece uma hipótese tão boa como outra qualquer. Após sair do parque de Cañavales, o caminho à sombra do mirador de “la Reina” sobe em acentuada pendente até atingir mais um “collado” descendo depois lentamente até à “Vega de Comeya”, uma imensa bacia de um antigo lago. Através desta, em linha recta, o trilho dirige-se directamente para uma parede vertical e lá no topo o centro de interpretação. Este vale é muito bonito, bastante grande, totalmente plano e completamente rodeado por elevações, paredes verticais a sul e colinas verdejantes norte. Por todo o lado, gado pasta placidamente e cavalos curiosos aproximam-se para nos inspeccionar. O tecto de nuvens baixos serviam para aumentar a nossa sensação de isolamento e não fosse um ou outro badalo o silêncio seria total. A parte mais complicada de todo este percurso foi ultrapassar as muitas poças de água que se formaram e que em alguns pontos nos chegava às canelas. Felizmente conseguimos manter os pés secos e uma hora depois atingimos o extremo do vale. Aqui, no lugar de la Fabrica, podemos ver os restos da actividade mineira, neste sítio aproveitando uma cascata natural proveniente das minas de Buferrada junto ao lago Ercina, o minério era lavado e posteriormente transportado para os vales vizinhos. Para descer o minério da mina mais acima um sistema de gôndolas suspensas foi engendrado através da apertada garganta. Prova destes tempos e únicos vestígios sobreviventes os postes de suporte. Neste ponto o trilho sob acentuadamente até atingir o passo de Escalleru, uma gruta alcantilada sobre a garganta que proporciona uma vista magnífica da queda de água e da Vega acabada de cruzar. Atravessando a gruta através de passadiços de madeira montados estamos perante os últimos metros em forte pendente que acompanha o regato até atingir o parque de estacionamento do lago Enol e o fim deste trilho. Neste ponto tínhamos atingido o tecto de nuvens que parecia estar a adensar e de um momento para o outro ficámos envolvidos num denso nevoeiro que não nos deixava mais do que alguns metros de visibilidade. Aproveitámos para visitar o centro de interpretação e comprar mais um mapa e guia dos Picos, isto já se está a tornar compulsivo, nunca estou satisfeito com a cartografia que tenho. Depois deste bocadinho fomos dar ao dente, como não se via a ponta dum chavelho sentámo-nos no muro junto à estrada e atacámos a sandocha. Estávamos muito bem sentadinhos completamente isolados do mundo real no nosso universo branco, quando o resto do mundo decidiu vir ter connosco. Absolutamente vindos do nada um grupo excursionista de alunos estrangeiros, ingleses penso, decidiu parar para descansar e qual navio na tormenta seguiram o farol para bom porto, sentaram-se à nossa volta. Durante alguns minutos o caricato da situação foi hilariante, então com uma montanha literalmente deserta esta malta decide acampar mesmo em cima de nós, e ainda por cima a berrarem um Espanhol macarrónico com sotaque intragável. Eventualmente decidiram seguir viagem e ficámos novamente sozinhos. Voltámos pela estrada até Cañavales num ambiente surreal, de quando em vez surgiam árvores fantasmagóricas na neblina, ao longe, badalos abafados do gado invisível. À excepção de uma ou outra vaca não nos cruzámos com ninguém um facto extremamente raro para este ponto tão turístico. Apesar de tudo experimentámos um trilho novo que não tínhamos equacionado, pode não ter servido de consolo para Ordiales mas foi muito engraçado. À noite em Cangas jantamos na adega Chispa, servem muito bem mas a comida estava muito gordurosa. A seguir fomos até um bar beber um copo e vermos a França levar uma abada da Holanda. Assim terminaram as caminhadas, no global foi satisfatório mas o tempo impediu-nos o acesso à maioria dos desafios mais interessantes, Horcados, Liordes, Ordiales e Vega de Ario têm de ficar para uma próxima.
Comeya,Lagos | ||
Bodega Chispa | ||
Balcon de los Picos |
Dia 9 (14-06-2008) 324 km(s), 23 litro(s), 60.2 km/h Lagos Covadonga(ES) . Cangas Onis(ES) . Soto Sajambre(ES) . Leon(ES) . Molinaseca(ES) |
Lagos (pequeno) | ||
Molina la Pedrera | ||
Meson Real | ||
Hotel de Floriana |
Dia 10 (15-06-2008) 653 km(s), 49 litro(s), 66.8 km/h Molinaseca(ES) . Vila Real(PT) . Guimarães(PT) . Lisboa(PT) |
Hotel de Floriana | ||
Cafe Oriental |
10 dias de 06-06-2008 a 15-06-2008 2486.7 kms (249 /dia) 181 litros (18 /dia) 7.2 aos 100 66.8 km/h (37 h) | |
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