Sunday 28 March 2010

Torricado

Praça de Touros do Campo Pequeno loja 66
1000-082 - Lisboa
Tel. 217975356
Não encerra

Petiscos

Gostei da ideia e gostei do que comi. Os petiscos são muito bons, os ovos um pouco insonsos mas no ponto de cozinha, o torricado tinha a carne bem tenra, no entanto, o pão é sofrível. Uma espécie de baguete não faz juz ao pontencial. Não estava cheio o que ajudava no ambiente. Serviço simpático e eficiente. Gostei, mas pode melhorar.

Comida

Muito boa, mas o pão tinha obrigação se ser melhor

Preço

€€

até 25 €

Ambiente

Vale pela praça

Serviço

Bom

O Torricado localiza-se na Praça de Touros do Campo Pequeno. O restaurante do chefe criativo Luís Suspiro é inspirado em sabores bem portugueses. O espaço é contemporâneo, destacando-se na decoração as cadeiras cor de laranja transparentes. O prato Torricado que dá nome à casa é um prato rural tipicamente ribatejano e consiste em pão torrado em brasas, com alho e azeite, e acompanhado com uma boa posta de bacalhau assado. Não deixe de provar as empadas de massa quebrada forradas a caldeirada de porco alentejano e os pasteis de bacalhau à Gomes de Sá. Há ementas completas de 12 a 16 euros.
Torricado

Localização:

Nosso menu:

  • Empada de porco preto
  • Pastel de bacalhau à Gomes Sá
  • Ovos com farinheira
  • Torricado de porco com molho vilão e maça assada
  • Copo tinto

Crítica:
Inaugurada em 1892, a Praça de Touros do Campo Pequeno, com seu estilo neo-árabe em que avultam as cúpulas mouriscas e a cor dos tijolos-burro que emblematicamente a enformam, foi considerada das mais belas da Península Ibérica. As obras de restauro e requalificação profunda, iniciadas em Julho de 2001, devolveram-nos a velha catedral taurina agora integrada num espaço multifuncional de lazer e comércio, com exploração sistemática do subsolo e de áreas subaproveitadas.

Já lá moram vários restaurantes e aparentados. O que hoje nos atrai chama-se Torricado e é concepção, propriedade e gerência do conhecido chefe de cozinha Luís Suspiro. A porta de acesso, para a direita do portão principal da Praça, perto dos modernos elevadores exteriores, está precedida por aprazível esplanada dotada de mesas para a função e também de sofás convidativos ao remanso de copo na mão. O interior oferece dois pisos, o de cima para fumadores. De janelas circulares, paredes brancas preenchidas por caracteres negros que são trechos de um livro a sair da autoria do chefe, cadeiras de material plástico cor-de-laranja, mesas pequenas com utensilagem decente mas guardanapo de papel, pouca luz à noite.

Há uma lista para pequenos-almoços e merendas, porém a que nos interessa é a dos almoços (12h-15h30) e jantares (19h30-24h). Quantifica-se assim: 7 Entradas, 1 Sopa do Dia, 6 Pratos Principais, 1 Especialidade, 1 Prato do Dia, 3 Vegetarianos ou Guarnições. O propósito anunciado é o da "cozinha popular portuguesa" ou "cozinha caseira de qualidade".

As entradas subdividem-se em 5 pratos de ovos mexidos combinados com diversos ingredientes e 2 saladas. Deixaram-se estas em paz e provaram-se (omito neste e noutros casos a adjectivação auto-elogiadora dos pratos) "ovos mexidos com grelos e chouriço de carne" (€6), "ovos mexidos com espargos verdes e túberas" (€7,50) e "ovos mexidos com boletos ribatejanos e lombo de porco constipado" (€7). Sempre ovos cremosos, elementos qualificados, conjugações felizes.

Os pratos principais comportam duas secções, a dos salgadinhos com guarnição à escolha e a dos torricados. Começando pelos primeiros, os "pastelinhos de bacalhau à Gomes de Sá" (€12) - acompanharam-se com "ervilhas estufadas com ovo escalfado e barriga fumada" - foram uma espécie de novelo ou casulo feito de massa kataifi finíssima (cabelo de anjo) a albergar a batata e o bacalhau na habitual miscigenação, textura e sabor (bom) do pastel, não se percebendo o que é que o Sá tem a ver com isto. Os "pastelinhos de massa tenra" (€11), na companhia escolhida de "caldeirada de legumes em leve tomatada com ervas do Alentejo", revelaram massa tenra esforçada, sobressaindo no recheio picadinho o gosto a vaca, vegetais e um tempero esquisito. Nas "empadas de caldeirada de porco alentejano" (€11), que se acolitaram com "migas ricas em broa de milho com grelos e espinafres", o continente não me pareceu de massa quebrada e o conteúdo de carne desfiada e nicos leguminosos esteve pouco expressivo e longe do (meu) paradigma.

Quanto aos torricados (um petisco ribatejano que consiste numa fatia grossa de pão caseiro com o miolo cortado em losangos, torrada em brasido, esfregada com alho, temperada com sal grosso e regada com um fio de azeite), aqui são 3 e compósitos. Provou-se o "torricado com caldeirada de legumes e perna de porco assada à padeiro" (€12), esta em fatia muito fina ao de cimo, conjunto razoável. A tal especialidade é "lombinhos de pato com batata-doce e trouxa de legumes no forno" (€14) e resultou bem, com o pormenor brilhante do figo confitado. O prato do dia era "bochechas de porco preto com castanhas e puré de marmelo" (€12,50), este último em copinho, e provocou satisfação palatal.

O resto ainda mais telegráfico: doçaria de muito bom nível, pouquíssimos vinhos e de gama baixa, serviço despachado.

Este Torricado abriu no final de Janeiro passado. Demasiado elaborada e autoral para poder ser considerada popular e caseira, a sua cozinha, ao serviço de ementa engenhosa, justifica a visita exploratória.

por Expresso.pt
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