Friday 25 January 2008

Charcutaria Francesa

Rua Manuel Bernardes 5A
1200-250 - Lisboa
Tel. 91 758 82 81
Encerra aos Domingos e Segundas. Reserva aconselhável. Tem sala para grupos

Internacional

A meu ver numa das mais bonitas praças da cidade. Serviço personalizadao a acompanhar pratos únicos e saboros. Apetece ir, estar, apreciar e voltar.

Comida

Muito imaginativa e saborosa

Preço

€€

26 Euros

Ambiente

Da decoração ao bairro envolvente, muito bom.

Serviço

Atenciosa e dedicada

Junto à Praça das Flores, a Charcutaria Francesa aposta numa cozinha de fusão arrojada e irreverente, que combina a gastronomia tradicional com pratos de inspiração mediterrânica. Um espaço amplo e tranquilo, onde o branco predomina, a par com pequenos apontamentos decorativos que introduzem cores fortes.



Localizacao:

Nosso menu:

  • Cogumelos com natas e creme de ervilhas
  • Tagine de borrego com pêra rocha e couscous com amêndoa
  • Bacalhau no forno com farinheira e batata doce
  • Petit gateau
  • Tinto da casa

Critica:
Caixa de surpresas na Praça das Flores.
Catarina Sacramento

Só deve ir jantar à Charcutaria Francesa quem gosta de ser surpreendido. Porque ali nenhuma refeição é igual à anterior. Uma coisa é certa: da cozinha primorosa ao ambiente acolhedor, há motivos de sobra para voltar.

Na Charcutaria Francesa não há lista. Há alguns pratos que se repetem com regularidade, mas o que vai encontrar é sempre uma surpresa. E esse é, desde logo, um factor distintivo deste espaço. Como não há um menu para ler, Manuel Pessoa faz questão de ir a cada mesa explicar a todos os clientes quais os pratos que tem nesse dia e descrever com pormenor cada um deles. E isto porque sempre que vê um cliente satisfeito tem a sensação de missão cumprida.

O serviço cuidado e personalizado é uma das memórias que se leva deste espaço. Mas também o são o ambiente confortável, a decoração em vermelho e branco, as exposições que vai acolhendo e que contribuem para renovar o visual do espaço (no dia em que o visitámos havia grandes pássaros em origami pendurados pela sala) e os pratos criativos que aqui se provam. Aberto apenas ao jantar, só há duas formas de garantir que tem mesa, sobretudo ao fim-de-semana: ou reserva com antecedência ou chega bem cedo.

Um ponto importante a esclarecer: a Charcutaria Francesa não é nem uma charcutaria nem francesa. É um restaurante, que começou por funcionar na Rua D. Pedro V. O espaço só servia almoços, num regime de pronto-a-comer, e propuseram a Manuel Pessoa abrir à noite como restaurante. Ele, que vinha da área da decoração e não tinha experiência anterior neste domínio, abraçou o projecto sem hesitar. Todos os dias montava e desmontava tudo, “sentia-me um vendedor ambulante”, confessa.

A situação seria provisória, mas acabou por durar ainda quatro anos. Quando o espaço foi vendido, Manuel Pessoa encontrou aquele onde actualmente se encontra: em Dezembro de 2006 mudou para a pacata Praça das Flores (entre o Príncipe Real e São Bento), um dos raros locais de Lisboa que conserva o típico ambiente de bairro em pleno centro da cidade.

Que não se trata de uma charcutaria já não restam dúvidas. Já quanto ao tipo de cozinha que aqui se pratica, falta explicar que tem algumas influências francesas, é verdade, mas acima de tudo vai beber inspiração ao Mediterrâneo e aposta em sabores bem portugueses, combinados (e apresentados) de formas menos usuais. Exemplos disso são o Ossobuco com tagliatlelli de pesto; os Ravioli de alheira (feitos com massa fresca e depois fritos), com legumes no vapor e molho de alho francês com laranja; o Risotto de bochechas de bacalhau, o Ravioloni de trufa branca (vegetariano), o Entrecosto assado no forno com mel. Ou ainda outras variações: Bacalhau com farinheira, Lombos de linguado com banana, Polvo no forno com mel, coentros e alho.

Além destas propostas, um dos ex-líbris da casa – e aquele que provámos – foi o Confit de pato: este, sim, um prato francês, e que, do aspecto ao sabor, representa bem a dedicação que esta cozinha merece. É confeccionado durante várias horas e servido com molho de frutos silvestres, batatas em camadas e salada. Para acompanhar, uma sugestão vínica do Douro à altura (Ponte do Fumo, de 2001) e um leque de sobremesas residentes como uma deliciosa Tarte de pêra com gengibre, o famoso Petit gâteau de chocolate (ambos servidos com gelado de baunilha) ou Pudim de queijo fresco com frutos silvestres.

Porém, se for à procura de um restaurante para grupos, este não será o local mais apropriado. A elaboração dos pratos – que são sempre terminados na hora – não é compatível com mesas de mais de 10 pessoas, sob risco de comprometer a qualidade do serviço e também a atmosfera recatada do restaurante.

Foi a pensar nisso que Manuel Pessoa encontrou uma sala alternativa, no Príncipe Real, para eventos que reúnam maior número de pessoas e que abre, mediante marcação, sempre que se justifica. O menu é então adaptado ao modo buffet, mais versátil, e combinado previamente.

Na hora de pagar a conta, os preços não são exagerados: uma refeição (com entradas, vinho e sobremesa) ronda os 26 euros. O que inclui um bom serviço, num espaço bonito, com música ambiente, onde sabe bem estar. Além disso, é suficientemente moderno (na vontade de surpreender e inovar) e clássico (na sobriedade) para ser uma boa ponte entre gerações. Depois de um jantar a dois (ou entre amigos), repita a experiência com os seus pais. Nenhum deles ficará desiludido.

por lifeCooler

Conheci esta casa ainda ela se situava na rua D. Pedro V, ali ao Príncipe Real. A vida dá voltas e o dono do estabelecimento teve de fazer as malas e encontrar novo poiso para servir refeições. A mudança não trouxe grandes novidades, o que é bom e mau. O que é positivo espera-se que não mude. O que não se gosta espera-se que melhor. Todavia, o saldo é claramente positivo.
A nova casa continua bem arranjada e agradável aos olhos. No entanto, não é um espaço aperaltado ou formal. Está-se descontraído no sítio. O serviço é atencioso, educado, competente e simpático. Neste ponto, só há a notar como negativo a grande demora pelos pratos. Espera-se bastante entre entradinhas, mimos e a refeição, pelo que se deseja alguma paciência. Este é, aliás, o maior defeito da casa.
As entradinhas vão variando conforme os apetites do cozinheiro, tal como a ementa. Não é muito vulgar ouvir recitar muitos dos mesmos pratos. Ponto de ordem à mesa: recitar? Sim. Não há ementa escrita, mas dita. Já fui repetidamente a este local e há alguns pratos que se repetem, mas a cozinha renova-se. De positivo: a renovação e a imaginação das gentes da casa. Duvidoso: a ementa ditada, embora seja uma originalidade facilmente defensável.
A cozinha não é a tradicional portuguesa, embora também existam pratos da nossa tradição. Esta é mais de carácter internacional, com interpretações pessoais. Atrás dos tachos está gente competente, que desempenha sem espalhafato a sua função. Não posso enumerar tudo o que ali já comi das várias vezes em que entrei. Contudo, para que se tenha ideia do que se pode degustar cito as atracções das últimas refeições ali tidas: bacalhau com broa e entrecosto no forno com mel. Há sempre um mimo oferecido pela casa, um caldinho para aquecer o estômago. Nas sobremesas destaco o bolo de chocolate.
Para não variar muito, o vinho entorna-se um pouco nos preços. Contudo, esta não é das casas onde é maior a nódoa inflaccionista. Aliás, basta fugir aos vinhos e às regiões da moda e pode beber-se um vinho fácil e descomplicado a preço acessível. Por outro lado, a carta precisava, à última visita, de levar uma grande volta, facto que é da consciência do proprietário. Os vinhos são na sua maioria de gama média-baixa ou baixa, tanto tintos quanto brancos. A situação nos brancos é mais grave por a escolha ser muitíssimo limitada. Por exemplo, alguns pratos aguçam apetites mais altos, numa das últimas vezes pedi mexilhões à belga (julgo que era assim que se designava a iguaria) e lamentei a ausência dum chardonnay que os escoltasse. Já nas aguardentes velhas, os preços praticados são absolutamente aceitáveis e viáveis, havendo alguma variedade de escolha.
Tudo isto somado - couvert, entrada, prato, vinho, sobremesa e café - fica a refeição muito em conta, entre os 25 e os 30 euros. O preço mais do que aceitável é uma pérola. O local é civilizado e a lamentável espera pelo prato é mais do que desculpável ponderados todas as vantagens da casa. Absolutamente recomendável.

por João à mesa

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