Sunday, 3 August 2008

Mosteiro São Cristovão de Lafões

São Cristóvão de Lafões
3660-000 - São Pedro do Sul
Tel. 23 279 80 76
Fax. 23 279 80 60
Em. s.cristovao@mail.telepac.pt

Classificação

Preço

€€

50 a 100 €

Nº Quartos

9

CaracteristicasAr condicionado, TvCabo, Mini-Bar, Wi-fi, Roupões, Varanda, Envolvente paisagística, Piscina, Salas lazer, Restaurante, Bar, Estacionamento
ExtrasPasseios aldeias históricas, Passeios a cavalo
Fundado no século XII, no tempo de D. Afonso Henriques, o Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões permaneceu na ordem de Cister até 1834, altura da sua extinção. Vendido em hasta pública, passou por várias mãos e degradou-se progressivamente, até à sua compra em 1982 pelos actuais proprietários. Procedeu-se então a um cuidadoso restauro, com respeito
absoluto pelos espaços e ambientes monásticos, como o singular claustro estilo toscano ou a igreja conventual de bela traça, ornada com notáveis pinturas. Localizado nas faldas da Serra da Arada, o Mosteiro alia hoje elevados padrões de conforto a uma estrutura de real interesse histórico, oferecendo alojamento de qualidade no belo cenário da região de Lafões.

Localização:

Adorei. Pensava que já não existiam lugares assim em Portugal. Os meus sinceros parabéns aos donos que com muito amor resgataram esta relíquia histórica e o partilham com quem queira. Mais parabéns ainda pelo oásis de floresta que tenazmente subsiste nas suas encostas. Para voltar, sem dúvida.

+

Restauro
Localização
Floresta
Simpatia e serviço

-

Canais TV

Crítica:
Passando oliveira de frades, e à medida que nos embrenhamos numa pequena estrada, a mancha florestal toma conta da paisagem. O serpentear do caminho que desce o vale só é quebrado por uma velha ponte, que nos obriga a atravessar calmamente o rio. Pouco depois, uma última subida faz-nos chegar ao nosso destino: o Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões.

A estrada termina mesmo em frente da igreja, que se impõe em primeiro plano neste lugar calmo e isolado. Estrategicamente situado, o mosteiro encontra--se num pequeno promontório rodeado por uma paisagem verdejante de carvalhos e pinheiros, cujo silêncio apenas é quebrado pelo som repetitivo do rio Varoso, um afluente do Vouga que corre mais abaixo.

Um portão de ferro preto trabalhado assinala a entrada na propriedade, que funciona como turismo rural de primeira qualidade. O aspecto de todo o edifício é imponente e percebemos, desde logo, que aqui nada foi deixado ao acaso. Um espigueiro recuperado e um tanque com água com uma argola (para prender os cavalos), ambos em granito, atestam a ruralidade do local e atiram-nos as memórias para o tempo em que os monges de Cister aqui viviam. Na realidade, a história deste mosteiro, cuja fundação inicial data do século XII, perde-se no tempo, até que nos anos 80, em completa ruína, foi adquirido pelos actuais proprietários, que levaram a cabo uma recuperação integral.

Uma história que se sente
Diz-se que por aqui se instalaram religiosos eremitas, ainda antes da época de D. Afonso Henriques. Mais tarde, provenientes de França, os monges de Cister criaram diversos mosteiros ao longo do país com as facilidades concedidas pelo primeiro rei de Portugal. Segundo os documentos históricos, o Couto de Valadares foi doado pelo monarca ao mosteiro e a um dos seus primeiros abades, João Cerita, por volta de 1137. No entanto, pensa-se que os primeiros nomes relacionados com o local sejam os de Cristóvão João e de sua esposa, Maria Rabaldis, não se sabendo ao certo se foram responsáveis pela fundação do edifício ou apenas pelo seu restauro.

De qualquer modo, só por volta dos finais do século XVII e ao longo do século XVIII é que o Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões foi reconstruído, tomando no essencial o seu aspecto actual. Depois de “assistir” às lutas napoleónicas, foi encerrado no ano de 1834 por ordem de Joaquim António de Aguiar que, por decreto, mandou fechar todos os conventos e casas religiosas, confiscando os seus bens para benefício do Estado. E assim teve início um longo período de degradação: tudo foi vendido em hasta pública, à excepção dos objectos religiosos que foram entregues ao pároco local, e apesar dos proprietários sucessivos, o mosteiro nunca voltou a ser habitado e entrou progressivamente em ruína, ora destruído por incêndios, ora despojado de azulejos, pias de pedra, portadas e todo o seu travejamento de madeira.

Ver para crer
Hoje, olhando para toda a imponência e pormenores do conjunto arquitectónico que constitui este mosteiro classificado pelo IPPAR, é quase difícil acreditar que tenha estado em ruína absoluta.

Passando o portão deparamos com um pátio formado pelo edifício principal, do lado esquerdo, e por uma casa em granito – a casa dos Conversos –, do lado direito. Em frente, as antigas instalações, onde outrora se guardava o gado e os produtos alimentares e se fazia o pão, funcionam hoje como requintados quartos autónomos. O granito das paredes contrasta com o travejamento castanho que cria a zona de acesso aos aposentos, onde azulejos pintados à mão, com nomes próprios – Frei Tomás, Frei Francisco... – ajudam a perpetuar a história do mosteiro. Mas, à medida que nos aproximamos, o nosso olhar é instintivamente desviado para uma passagem que reflecte uma tonalidade azul. É o acesso à piscina e ao jardim, onde ainda se conservam alguns instrumentos usados no passado, como uma prensa para moer uvas. As refeições são servidas mesmo ao lado, de frente para uma grande janela que, literalmente, nos “lança” para o interior do vale. À noite (esquecendo a televisão por uns tempos) merece a pena explorar os livros sobre a história da região arrumados nas prateleiras e entretermo-nos com os jogos de mesa, na companhia de uma boa selecção de música clássica, enquanto uma imagem de S. Cristóvão, empoleirada no cimo da sala, zela por nós.

Que bem se está no mosteiro
S. Cristóvão de Lafões é o local ideal para passar uns dias de descanso, longe do ritmo das cidades, mas também oferece todas as condições para quem queira vir para aqui trabalhar. Todos os aposentos possuem ligação à Internet, apresentando uma iluminação cuidada, conforto e muita tranquilidade.

Como era próprio de um mosteiro cisterciense, todas as actividades se desenvolviam em torno do claustro e, como nos velhos tempos, este é ainda um local aprazível nos dias mais quentes, ideal para saborear uma deliciosa refeição. No antigo refeitório dos monges, com os seus bancos e mesas corridas, marcam presença o lava-mãos em granito lavrado e os azulejos azuis que cobrem até meia altura toda a sala. São reproduções fabricadas na Viúva Lamego, pois, como nos explica a proprietária, grande parte dos azulejos originais desapareceu durante os anos em que o edifício foi deixado ao abandono. Enquanto isso, mesmo no centro do claustro de estilo toscano, uma cama de rede estrategicamente colocada entre alguns limoeiros chama por nós...

Percorrendo o piso térreo (todo ele à disposição dos hóspedes), encontramos a ampla cozinha abobadada com uma enorme chaminé, onde ainda hoje se preparam várias iguarias (para aqueles que o desejarem, o mosteiro prepara refeições a gosto, permitindo ao visitante não sair deste pequeno paraíso). De resto, são inúmeros os recantos e as salas – sem esquecer uma adega cuidadosamente decorada – que evocam as antigas funções do edifício, merecendo ainda destaque a sala de trabalhos dos monges, bem como o restauro do cadeiral em madeira e alguns quadros antigos.

Graças à imensa curiosidade pela história do mosteiro somos convidados a conhecer o piso superior, onde outrora funcionou uma hospedaria, o aposento do abade, a enfermaria e a biblioteca. Nove células adaptadas à habitação são usadas pelos proprietários quando aqui se encontram, e dois quartos estão igualmente à disposição dos hóspedes. Aqui as janelas são enormes e enchem de luz todo o primeiro andar, com vista permanente para o pátio inferior.

A natureza chama por si
Um dos maiores encantos deste mosteiro é a sua envolvente. Aqui a História está enquadrada por um imenso bosque de diferentes espécies arbóreas – com destaque para os carvalhos – que é um convite a caminhadas (para as quais vale a pena levar uns binóculos para observar as aves que saltitam nervosamente por entre a vegetação).

Durante o Outono, os tons ocres dominam toda a paisagem, convidando-nos a um passeio junto à levada de água que corre mais abaixo, o local certo para ver todo o mosteiro de uma outra perspectiva. Se estivéssemos no Verão seria difícil resistir a um mergulho no Poço do Mourão, uma queda de água no rio Varoso que se encontra no sopé do mosteiro. Depois de recuperar forças, merece a pena ir conhecer a “fonte mágica”, um local nas imediações do mosteiro em pleno bosque, onde os monges se reuniam ao ar livre. Com bancos em granito dispostos em forma de “U”, ainda hoje a água corre ao longo da velha mina.

O mosteiro de S. Cristóvão de Lafões é um daqueles exemplos onde se demonstra que a reconversão ao turismo rural (de qualidade ao mais alto nível) permitiu recuperar um pouco da História do nosso país, que ainda há poucos anos estava em risco de desaparecer para sempre. Uma viagem cá dentro que vale mesmo a pena.

por Rotas e Destinos
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