7580-308 ALCÁCER DO SAL
Tel. 26 561 28 16
Fecha à segunda. Reservas com tolerância de 15 minutos
Cozinha regional
Um dos meus restaurantes de eleição, com a excepção de ser um pouco barulhento tudo o resto é excelente. Pode ficar muito cheio por isso nunca chegar tarde. A comida é simplesmente excelente, não perder a empada de coelho bravo com arroz de pinhão, aliás, tudo o que tenha pinhão é delicioso, ou não estivessemos rodeados pela maior mancha de pinheiro manso do país. Para terminar não esquecer a, provavelmente, melhor tarte de pinhão do mundo.
Comida | Excelência da cozinha do Sado | |
Preço | €€ | 16 € |
Ambiente | O edificio é excelente, decoração podia ser melhor. Algo barulhento. | |
Serviço | Muito simpático e atencioso |
Com a curiosidade de ocupar uma antiga escola primária, este restaurante tornou-se numa referência em todo o país pela excelência da sua cozinha que procura preservar o património gastronómico da região do Sado.
Ao estacionar debaixo de Chaparros, e de frente para a Escola Primária, temos a imediata sensação de retroceder no tempo, pois deparamos com uma Escolinha bem típica e viva em muitas memórias.
Passando o portão temos um pátio onde em tempos muito de nós brincámos e no subconsciente ouvimos as vozes das crianças e o tocar no ferrinho para iniciar as aulas.
Ao abrir a porta vemos carteiras e a velhinha ardozia que continua a conter os números, iguaizinhas a outros tempos, e a que muito custo, lá aprendemos a fazer. Mas desta vez transformadas em ementa.
As carteiras continuam a encher a sala de aulas, agora acompanhadas por mesas sabiamente postas. O ambiente nostálgico e requintado é o ponto forte deste restaurante, sendo contudo um restaurante extremamente simples. Amavelmente colocados numa mesa trocamos as memórias da cartilha por uma deslumbrante ementa onde se encontra os pratos tipicamente alentejanas feitos por quem os sabe confeccionar desde sempre.
Entre os pratos mais emblemáticos da casa, destaca-se, por exemplo, a empada de coelho bravo acompanhada de arroz de pinhão. No que toca aos peixes, o cherne à barqueiro e as enguias à embarcadiço são pratos afamados.
Localização:
Nosso menu:
- Escabeche de coelho
- Empada de coelho bravo com arroz de pinhão
- Tarte de pinhão
- Pias 2005
- Batata doce e licor de bolota
Crítica:
Antigamente eram pés descalços que faziam o caminho até esta escola que deu a primeira lição em 1950. Hoje é de carro que se chega. Quem vai a Cachopos, entre Tróia e Alcácer do Sal sabe “de cor e salteado” alguns dos atributos da cartilha que agora passou a ser gastronómica. Vêm à procura de enguias à embarcadiço ou do cherne à barqueiro, mas também sabem que vão encontrar um passado que lhes foi tão familiar.
Nesta antiga escola, pode rever mapas antigos por onde estudou os rios e as linhas de ferro nacionais, carteiras de madeira com os buracos prontos a receberem os tinteiros, e a caixa de sólidos e unidades de medida. Soa-lhe familiar?
No velho quadro de ardósia, onde outrora se aprendia o b-a-bá está escrita a ementa. É assim desde há 7 anos, tantos quantos existe a Escola-restaurante. O proprietário cozinhou a lume brando o projecto de resgatar do esquecimento as memórias de uma cozinha antiga. Seguiram-se anos e anos de pesquisa materializados em quilómetros de distância por toda a zona do Sado, em conversas com familiares e até pesquisas na biblioteca, para se descobrir a história que cada sugestão apresenta.
Apesar da região ser rica no que à terra, ao mar e ao rio diz respeito, nem sempre o dinheiro abundava para a compra dos produtos. Valiam as artimanhas que proporcionavam uma cozinha variada, onde as ervas aromáticas cultivadas num canto da horta tinham um papel de destaque.
Nesta mesa, que é uma das melhores do país, nem sei o que vos hei-de recomendar. Tudo. A começar pela caça. Pombo de nabiçada, ensopado de lebre e empada de coelho bravo. Mas a intensidade dos sabores não se fica por aqui. Em nenhuma sugestão se encontra o standard, nem mesmo na ementa infantil. E quando uma criança se apresenta, é logo a primeira a ser servida. O parque infantil é um dos cenários da brincadeira.
Para os pais a refeição continua com um ensopado de cherne porque o mar está perto, o tomate dava-o a horta e o pão nunca faltava. O arroz de choco enriquecido com camarão é um pitéu. Quem é que não sabe da fama do Sado quanto a moluscos? Frequentes vezes chegava a Alcácer o pescado conservado em sal. Na Escola cabe à dourada ser servida dessa forma.
As carnes de porco, principalmente as partes menos nobres do animal eram aproveitadas pelos pobres e deixadas em calda de pimentão. Frita na banha, utiliza-se esse preparado para as batatas que ali rebolam até alourar. Assim se preparam as batatas de rebolão que também encontra na lista.
O ensopado de borrego era prato festivo mas ao comer de todos os dias, a Escola foi buscar o feijão adubado, que é quando à leguminosa, à linguiça e às sopas de pão se vem juntar o ovo escalfado. Uma forma de enriquecer (adubar) o cozinhado.
Acompanham os pratos, as migas e o arroz de pinhão. Para quem está habituado a vê-lo tão branco no prato é também um prazer deitar a vista na extensa área de pinhal manso que rodeia o restaurante.
Mas antes do encerramento da refeição seria um pecado não provarmos dos doces testemunhos de outrora guardados pelas freiras do convento de Aracoelli. As últimas palavras vão para a bebida. Vinhos que dominam a carta são bons representantes da vinha do Alentejo e do Sado. A refeição só termina com um licor de bolota de azinho assistido pela batata doce com açúcar e canela.
Depois de terminada a aula já está em condições de perceber por que razão sempre que concorre, a Escola fica entre os melhores. Da região e do país. Essa é que é essa.
in lifeCooler
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