7800-018 - Beja
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Pousada histórica
Pousada Portugal
Classificação | ||
Preço | €€€ | 90 a 200 € |
Nº Quartos | 34 | |
Caracteristicas | Ar condicionado, TvCabo, Mini-Bar, Wi-fi, Roupões, Edificio histórico, Piscina, Salas lazer, Restaurante, Bar, Estacionamento | |
Extras |
Localização:
+ | O edificio, Jardins, Quarto |
- | Necessita alguma manutenção |
Crítica:
No plátano em frente à Pousada de São Francisco, os pássaros aglomeram-se às dezenas. É impossível saber de que espécies se tratam pois escondem-se tão timidamente que só as melodias estranhas que entoam os denunciam. A tarde já vai alta, mas o presságio de sermos invadidos pela paz e tranquilidade deste antigo convento do século XIII desfaz qualquer contratempo ocorrido durante a viagem. E à espera de quem estas terras procura, está a tradição alentejana de receber. E bem!Outros links:
Memórias tranquilas
Depois de devidamente alojados, é altura de percorrer este velho convento franciscano. O som dos passos na tijoleira recém encerada denuncia quem chega. Os sentidos não mentem. O Sol entra pelo claustro, o ponto de partida para todas as áreas do antigo convento, e estende-se pelo corredor, mobilado por sofás de tamanho invulgar que convidam a ficar, nem que seja por alguns minutos, enquanto se observa o voo recortado de uma pomba. Adivinham-se dias de descanso… Ao som do canto gregoriano, continua-se a descobrir os cantos à casa e é inevitável uma viagem ao passado e imaginar como viviam aqui os religiosos. Na antiga capela, por agora transformada em galeria, uma exposição de pintura e cultura espanhola embeleza as paredes frias do templo. Ao lado, a Sala do Capítulo é, talvez, a área mais bonita da pousada, se é que não é tímida a classificação. Frescos recuperados, mas infelizmente não na totalidade, dão um brilho especial ao local.
Actividade sem excesso
O piso superior, onde originariamente se situavam as celas dos monges, foi readaptado e agora é ocupado pelos quartos. Na parte inferior ficam as áreas sociais. Acima de tudo, tentou fazer-se coincidir os actuais espaços com as funções primitivas do convento. A reconstrução prolongou-se por sete anos, em que se foram acrescentando espaços de lazer como a piscina ou o jardim, antigo quintal. É para lá que se dirigem os turistas nórdicos, ávidos de um pouco de sol que aqui parece chegar para todos. Este é o espaço indicado para se ler um livro, acompanhado de uma bebida. Ou então escolher um parceiro e partir para a aventura de poder jogar uma partida de xadrez em tamanho gigante. O campo de ténis é outro dos espaços a descobrir, se estiver com energia para isso, claro.
Aqui esquece-se o tempo passar. Com o cair da noite, acendem-se as luzes e a beleza é outra… a existir a companhia certa, o ideal seria um passeio pelo jardim, para sentir os aromas das várias plantas, mas as horas de jantar aproximam-se. Como aqui a tradição não está só nas paredes do convento, mas também nos pratos regionais confeccionados com todo o requinte, torna-se difícil a escolha. Não fosse cair em heresia, que venha o diabo e escolha qual destes pecados é o mais leve… se a tentação de um ensopado de borrego, se a típica carne de porco à alentejana ou o bacalhau conventual, que do cação de coentrada a abrir a refeição poucos se livram. E os que se livram fazem mal.
Há ainda o bar com porta aberta para o jardim. Aqui junta-se quem veio para ficar alguns dias e quem passa apenas para beber uns copos. Mesas de jogos de cartas com toalhas decoradas com os quatro naipes convidam a ficar mais tempo que o previsto. Numa sala oposta, uma mesa de bilhar está à espera que se sirvam dela. Com bons modos… Na antiga igreja organizam-se, por vezes, noites especiais, como concertos. Pode ser que tenha a sorte de visitar a pousada num dia desses. Para breve, fica a promessa da Adega dos Sabores com provas gastronómicas e de vinhos. Que seja bem vinda.
Já embora?
No dia seguinte, pela manhã, o Sol confirma a chegada do dia. Há quem acredite que ele é mais bonito no Alentejo… mas o que verdadeiramente faz sair dos lençóis impecavelmente engomados é a ideia de poder tomar um pequeno-almoço nas calmas, aqui servido até às 11 da manhã. Por isso o acordar é mais lento, sem pressas… Na sala, os mesmos nórdicos do dia anterior tomam o pequeno-almoço de óculos escuros. Bendito seja o sol de Portugal. A mesa impõe respeito. Comprida e recheada de coisas boas não aconselhadas a quem pensou continuar com a dieta nestes dias. O melhor é provar de tudo, porque a noite com certeza que foi longa e as energias já se perderam.
Por fim, fica-se com a vontade de agradecer a quem contribuiu para a valorização do património histórico. Há que dizer adeus à pousada e a Beja e ver, à medida que se distancia, o que vêem as aves do alto do seu voo: uma mancha imaculadamente branca.
por Lifecooler
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