Saturday 28 February 2009

Os Maias no Trindade

Gostei especialmente da personagem do Ega, o que já tinha sucedido quando li o livro. Incrivelmente actual o texto de "Os Maias" é sem dúvida uma das grandes obras de todos os tempos.

Em 1867, o Teatro da Trindade abria pela primeira vez as suas portas, nascendo assim aquele que viria a ser, e permaneceu ao longo destes 140 anos, um dos mais importantes e belos Teatros de Lisboa.
Alguns anos depois, em 1888, foi tornada publica a 1ª edição de Os Maias, talvez o mais notável romance de toda a literatura portuguesa. Nele, o seu autor, Eça de Queiroz, imaginou uma significativa cena passada no Trindade. Foi esse o ponto de partida para a leitura que o dramaturgo António Torrado fez da obra, traduzindo assim em linguagem teatral o grandioso fresco da sociedade portuguesa do século XIX que, à data da sua publicação, constituiu um polémico escândalo, pela autenticidade da denuncia de uma colectividade apagada e pretensiosa, por vezes reles, por vezes ridícula.

"Os Maias no Trindade" é o título da peça é, não é por acaso. É que a adaptação
da obra-prima de Eça de Queirós ao palco, é uma versão da autoria do escritor
António Torrado. Em cena no Teatro da Trindade até 26 de Abril, a peça encenada
por Rui Mendes, conta a trágica história amorosa de Carlos e Maria Eduarda, um
retrato cru da sociedade portuguesa no final do século XIX.

Esta versão
não quis cair "na reverência cronológica perante o romance", destacando o Sarau
de Beneficência, que constitui um dos capítulos mais significativos da obra, e
que tem lugar precisamente no salão daquele teatro lisboeta, poucos anos depois
da sua inaguração.

O texto sofreu alterações justificadas sobretudo pela
necessária economia teatral, sendo que o encenador alerta para o facto de o
espectáculo "não dispensar" a leitura da obra, em toda a sua mestria e riqueza.

Esta grande produção conta com um conjunto de iniciativas paralelas
dedicadas ao escritor, entre tretúlias, filmes e a exposição "Eça em
Caricatura".

Com um elenco vasto e heterogéneo, a peça é protagonizada
por José Fidalgo e Sofia Duarte Silva. Nesta versão, o encenador assinala que o
espectáculo é "o retrato de um país que, no essencial, pouco mudou nestes 120
anos, o que o próprio autor parece ter já adivinhado nas últimas páginas do
romance, mas que agora podemos reviver nos nossos próprios termos e desenhar com
a nossa própria visão."

in LifeCooler



Com: Afonso Malão, Augusto Portela, Igor Sampaio, João Didelet, José Airosa, José Fidalgo, Luis Alberto, Luis Mascarenhas, Mário Jacques, Pedro Górgia, Rogério Vieira e Sofia Duarte Silva
Autor: António Torrado
Encenador: Rui Mendes

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